Na entrevista que concedeu, ontem, à CMTV, durante o espaço informativo ‘Grande Jornal’, o Secretário-Geral do PS assegurou que irá trabalhar arduamente para restituir um clima de estabilidade governativa e devolver à população a esperança no futuro e a confiança perdida com o desempenho de Luís Montenegro.
Perante uma “direita incapaz de se entender”, como, apontou, “ficou provado em menos de um ano”, o líder socialista contrapôs a unidade socialista em torno do objetivo de “conseguir uma maioria que permita governar Portugal com estabilidade”.
“O PS é um partido com uma longa experiência governativa. Sabemos o que correu bem, sabemos o que correu mal”, afirmou, recordando diversas ocasiões em que assumiu “algumas coisas que não correram bem” na ação do último executivo socialista.
“Temos essa capacidade, essa humildade de reconhecer, a capacidade de aprender”, assinalou, enfatizando que o PS e ele próprio estão “preparados para governar e resolver os problemas nas áreas da saúde, economia e habitação, que são prioridades fundamentais”.
Depois, admitiu estar “profundamente preocupado” com uma economia nacional que “ainda hoje paga salários baixos aos portugueses”, apontando o aumento dos rendimentos dos trabalhadores como um desígnio central na liderança de um novo governo em Portugal.
“Ter uma economia mais avançada, mais qualificada, que permita pagar melhores salários aos portugueses, essa vai ser uma das minhas principais preocupações”, garantiu.
Questionado sobre o novo aeroporto de Lisboa, o Secretário-Geral do PS sublinhou que a localização apontada pela comissão foi Alcochete e que este aspeto em particular “é um assunto arrumado”.
“Não se volta atrás na decisão”, pontualizou.
Aproveitou também para reiterar a sua posição sobre o controlo da TAP, defendendo que a companhia de bandeira portuguesa “deve continuar no domínio público”.
Apuramento da verdade não tem tempo
Antes, numa alongada inquirição sobre o debate parlamentar da moção de confiança apresentada pelo Governo de Luís Montenegro, o líder do PS voltou a deixar claro que o sentido de voto socialista fora dado a conhecer ao país desde 10 de março de 2024.
Assim, excluiu qualquer possibilidade de entendimento para viabilização de um voto de confiança ao executivo AD, pugnando pela “coerência nos princípios e valores” com que o Partido Socialista se posiciona perante o país.
“Não podia ter havido um acordo e não houve nenhuma negociação”, disse, reafirmando que o Governo tentou usar a moção de confiança como instrumento de chantagem para condicionar a Comissão Parlamentar de Inquérito ao primeiro-ministro requerida pela bancada parlamentar socialista para apuramento da verdade sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, a Spinumviva.
“Desde a primeira hora, como todos já percebemos, o primeiro-ministro quis fugir às explicações”, recordou, considerando a pretensão de Montenegro como “inaceitável”.
“E isso só ainda aumenta as nossas dúvidas sobre o que aconteceu com uma empresa que foi criada pelo primeiro-ministro, cujos clientes foram angariados pelo primeiro-ministro, que se manteve a receber dinheiro de empresários enquanto estava a exercer a função de primeiro-ministro”, explicou Pedro Nuno Santos, acrescentando que “a verdade e o apuramento da verdade não têm tempo”.
“Não pode ficar a dúvida de que o primeiro-ministro ficou a dever um favor a alguém”, rematou.