Durante o debate de urgência requerido pelo PS sobre o SNS, João Paulo Correia disse que vivemos “10 meses marcados por decisões erradas e incompetentes deste Governo e por um conjunto de trapalhadas protagonizadas pela ministra da Saúde que têm quebrado a confiança dos portugueses no SNS”.
O socialista perguntou depois por que motivo o Executivo de Luís Montenegro forçou a demissão de Fernando Araújo da direção executiva do SNS – “deitando fora uma gestão competente, apartidária e reconhecida pelo país” – se o cenário que temos destes 10 meses é a nomeação do “terceiro diretor executivo”, algo “impensável e muito preocupante”.
João Paulo Correia criticou o papel de Ana Paula Martins: “Nas mãos da senhora ministra, a direção executiva deixou de ser uma fonte de soluções e passou a ser uma fonte de problemas”.
E comentou que, tal como noutras situações, a ministra “passou as culpas para outros” quando o diretor executivo “escolhido por este Governo”, Gandra d’Almeida, se demitiu por “alegada acumulação ilegal de funções, que não foi considerada pela ministra da Saúde quando avaliou o seu currículo”. Desta vez, a governante “tentou passar as culpas para a CReSAP”, lamentou.
Por sua vez, o primeiro-ministro tentou culpar o anterior executivo do PS. João Paulo Correia deixou um recado dirigido a Luís Montenegro: “Não queiram atirar as responsabilidades para o anterior Governo de uma escolha deste Governo”.
Ministra tem recebido “puxões de orelhas”
O deputado do PS enumerou, em seguida, uma vasta lista de erros e más decisões que o Governo tomou em 10 meses só na área da saúde, começando pelo “ajuste direto na contratação do serviço de helitransporte de emergência médica, que valeu um valente puxão de orelhas do Tribunal de Contas à ministra da Saúde”.
A “demissão forçada do presidente do INEM por uma responsabilidade que o Tribunal de Contas veio mais tarde atribuir à senhora ministra; a personalidade convidada para presidente do INEM recuou por falta de garantias da senhora ministra sobre o futuro do instituto; o falhanço do novo modelo de integração de médicos especialistas no SNS; o número de urgências encerradas no verão, principalmente de obstetrícia, ginecologia e pediatria, que foi 40% superior face ao ano anterior; e o aumento histórico do número de grávidas que deram à luz em ambulâncias”, indicou.
O socialista referiu ainda, entre outras, as demissões de administrações hospitalares “em catadupa” com o “único propósito de abrir lugar a nomeações partidárias”; o “aumento da lista de espera para cirurgia de cancro pediátrico”; as “parcerias e contratos com privados ao arrepio do princípio da complementaridade, como os centros de atendimento clínico que não apresentam os resultados prometidos e só servem a agenda de um Governo que procura desviar recursos do SNS para os privados”; e “o falhanço do plano de emergência apresentado pelo primeiro-ministro com a promessa de resolver em poucos meses as dificuldades no SNS”.