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Soares continua vivo na liberdade pela qual lutou, na democracia e no PS

Soares continua vivo na liberdade pela qual lutou, na democracia e no PS

O presidente honorário do PS, Manuel Alegre, lembrou o percurso e o legado de Mário Soares, afirmando que o seu “camarada” de tantos combates continua bem “vivo” na liberdade pela qual lutou, na democracia que ajudou a construir e no Partido Socialista que fundou.

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“Camarada Mário Soares, nestes 100 anos do teu nascimento quero dizer-te que estás vivo em todos nós. Estás vivo no partido que fundaste e a que chamavas o teu violino Stradivarius. Estás vivo na liberdade porque sempre lutaste, na democracia que ajudaste a construir e no socialismo democrático que sempre defendeste”, afirmou o histórico socialista, discursando no jantar comemorativo do PS para assinalar o centenário do nascimento de Mário Soares, este sábado, 7 de dezembro, em Lisboa.

Num discurso carregado de emoção e memória, Manuel Alegre lembrou “tantos combates” e “tantos momentos decisivos” que partilhou com Mário Soares, evocando o tempo em que ambos eram exilados políticos no combate à ditadura, as vitórias de Soares que garantiram, depois, “a autonomia política e estratégica do PS”, as eleições para a Assembleia Constituinte, o cerco ao Parlamento, “a assinatura” de Soares, juntamente com a de António Arnaut, “à cabeça do documento que fundou o Serviço Nacional de Saúde” ou as eleições presidenciais de 1986, que levariam Soares a tornar-se no primeiro Presidente da República civil depois do 25 de Abril.

O nome de Mário Soares, como evidenciou, “está escrito e inscrito, como nenhum outro, na democracia portuguesa”, frisou.

Fez também questão de recordar, a propósito do 25 de Novembro, que recentemente se assinalou, que foi sob a égide de Soares, e “em aliança com o grupo dos Nove e Ramalho Eanes”, que o PS liderou “o movimento popular e nacional que derrotou a tentação totalitária e reconduziu o 25 de Abril ao seu percurso democrático”.

“Foi uma vitória da esquerda democrática sobre a deriva esquerdista e totalitária, mas foi também uma vitória contra a direita revanchista”, sublinhou.

Um exemplo cuja evocação, como salientou, Manuel Alegre, ganha ainda maior atualidade numa altura em que “os tempos não estão famosos para a democracia” e em que “o regime democrático está a ser desconstruído e minado por dentro”.

“Mas, como costumavas dizer, ‘atrás do tempo, tempo vem’ e como já aqui foi dito hoje várias vezes, ‘só é vencido quem desiste de lutar’. Camarada Mário Soares, estás vivo nos combates travados e nos combates futuros para fortalecer a democracia e o socialismo para, com Pedro Nuno Santos, com todos nós, com o teu partido, construirmos uma alternativa de esquerda democrática em Portugal”, defendeu o histórico socialista.

Sempre na primeira linha do combate

Na primeira intervenção da noite, Isabel Soares, filha do fundador e primeiro líder do PS, lembrou Mário Soares como um homem “para quem a liberdade era como o ar que respirava” e pela qual “nunca desistiu de lutar”, manifestando a sua convicção de que o seu pai, se fosse vivo hoje, “estaria na primeira linha do combate contra o populismo, contra o discurso do ódio, a xenofobia, a desigualdade cada vez maior entre os muito ricos e os que nada têm”.

“Estaria seguramente no combate por uma educação exigente para todos, pois só assim pode haver um elevador social. Estaria na defesa intransigente do SNS, uma criação de António Arnaut e dele, de um governo dele, é bom não esquecer. Estaria no combate por uma reforma da justiça e contra a promiscuidade entre a justiça e uma certa imprensa. Estaria na defesa da paz, como sempre esteve, contra a invasão da Ucrânia e, apesar de ser um amigo de Israel, estaria no combate claro e firme ao genocídio que está a ser cometido contra o povo palestiniano”, apontou.

“E estaria sobretudo no combate intransigente a que Portugal não regresse ao passado”, sublinhou Isabel Soares, numa crítica contundente ao que descreveu como “uma direita revanchista e ressabiada”, que tem vindo a emergir e a querer reescrever a história.

“Fez a descolonização e digo com maior orgulho, enquanto sua filha, fê-lo bem e sem tibiezas. É preciso termos orgulho nisso e não nos deixarmos amedrontar pela calúnia da direita”, sublinhou.

Lembrou ainda o período mais conturbado do pós-25 de Abril, quando “a direita andava fugida e amedrontada” e “outros mais à esquerda disfarçavam e apelavam ao voto em branco como sendo o voto no Movimento das Forças Armadas”, cabendo ao PS, “como disse Manuel Alegre”, estar quase só no combate “contra a deriva esquerdista” que ameaçava “sovietizar” o país.

“A direita não existiu nesse combate, aproveitou-se dele, abrigou-se no chapéu de chuva do PS, mas os socialistas estiveram sós até à vitória na Constituinte. O confronto militar deu-se depois de o PS ter ganho nas ruas e nas urnas, não o esqueçamos. Sim, foram os socialistas e Mário Soares à cabeça, os únicos vencedores civis do 25 de Novembro”, sublinhou.

“Essa vitória não foi a deles, foi a nossa, foi a do PS. Devemos, pois, ter orgulho nesse combate pela liberdade e a democracia e não deixar que se reescreva a história desse tempo”, completou, muito aplaudida.

Na sua intervenção, Isabel Soares fez também questão de recordar a sua mãe, Maria Barroso, “mulher portuguesa, combativa e lutadora” e “companheira admirável” de Mário Soares.

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