Pedro Nuno Santos, que fazia uma declaração à comunicação social depois de o Orçamento do Estado para 2025 ter sido aprovado em votação final global, salientou que “o Partido Socialista é, como sempre foi em toda a sua história, um partido com sentido de Estado e de responsabilidade” e, por isso, permitiu a viabilização do documento porque não queria “colocar o país perante a iminência de umas eleições poucos meses depois de ter tido umas eleições legislativas”.
Vincando que “em nenhum momento o Partido Socialista passa a ser suporte deste Governo”, Pedro Nuno Santos constatou que “estamos perante um Governo que é profundamente incompetente”.
“Temos muito orgulho em ter conseguido garantir que os pensionistas vão ter um aumento a partir de janeiro do próximo ano”, sublinhou o Secretário-Geral do PS, que não deixou de lamentar que a iniciativa do Partido Socialista tenha sido aprovada “com os votos contra do Governo”.
Reagindo às críticas que se fizeram ouvir depois da aprovação desta proposta, Pedro Nuno Santos assegurou que “o PSD não tem argumento para contestar” e explicou o motivo: “O aumento que nós fazemos das pensões é inferior à perda de receita da redução adicional de um ponto de IRC que o Governo e o PSD estavam disponíveis a fazer”.
Ora, “o PSD, o CDS e o Governo invocam a classe média para governar para uma minoria. E é por isso que se incomodam tanto com o aumento das pensões para os reformados”, mas, por outro lado, “não se incomodam em reduzir o IRC para algumas empresas”, criticou.
Governo faz truques com números para suportar propaganda
Pedro Nuno Santos mencionou, em seguida, a primeira página do semanário Expresso da passada semana, que continha “dados falsos fornecidos pelo Governo” sobre o número de alunos sem aulas. “Isso preocupa-me, porque o ministro da Educação foi avisado pelo PS e respondeu com arrogância ao Partido Socialista”, frisou.
Entretanto, o ministro da Educação assumiu “finalmente” que os dados estavam errados, mas culpou os serviços e “não fez um pedido de desculpas ao PS, nem aos portugueses”, lamentou.
De acordo com o Secretário-Geral socialista, esta situação – que “não é caso único” – é “grave para a democracia, para a verdade do debate público e político”, já que o Governo faz “truques com números para tentar suportar a sua propaganda”.
“Se há uma coisa que o Partido Socialista tem, desde logo, em comparação com o PSD é a competência”, sublinhou Pedro Nuno Santos, salientando que o PS “sabe como funciona o Estado”.
Governo não está a fazer bem à democracia
Pedro Nuno Santos comentou que existe, “neste momento, um ambiente político em Portugal que é grave”, tal como se assistiu esta manhã na Assembleia da República, com o partido Chega a colocar faixas na fachada do edifício, que é património nacional.
“E é importante que quem governa, em nome da AD, revele sentido de Estado”, coisa que “o primeiro-ministro, há dois dias, não revelou ter quando fez a declaração solene às oito da noite”, censurou.
E deixou um ataque cerrado à atuação do executivo e também do partido de extrema-direita: “O Governo, com a manipulação dos números, com a utilização da propaganda, não está a fazer bem à nossa democracia. Não é só o bando de delinquentes que nós temos aqui e que desrespeitou a Assembleia da República, a democracia e os portugueses”.
Pedro Nuno Santos defendeu mesmo que “todos os outros políticos que não se reveem no comportamento nem na atitude dos deputados do Chega revelem sentido de Estado”. E garantiu que o PS não tem “medo destes delinquentes nem da anarquia que trouxeram à Assembleia da República”, estando disposto a combatê-los.
O líder socialista notou, depois dos acontecimentos de hoje, que “o Chega está sempre a falar na lei e na ordem, só que aquilo que tivemos aqui foi o desrespeito pela lei e pela ordem, pelas regras básicas do funcionamento de uma democracia”.
“O Chega não tem nada para dar ao país que não seja dividir, fomentar o ódio, desrespeitar a lei e as instituições democráticas”, afiançou.