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Governo vê o interior como um peso que não merece investimento

Governo vê o interior como um peso que não merece investimento

Pedro Nuno Santos acusou hoje o Governo de olhar para o interior do país como um “estorvo” e defendeu que, “em cada PowerPoint que apresenta, o PSD aproxima-se da Iniciativa Liberal e do Chega”.

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O Secretário-Geral do PS, que discursava no encerramento das jornadas parlamentares do Partido Socialista em Castelo Branco, lembrou que, quando o anterior Governo do PS decidiu reduzir pela última vez, depois de o ter feito ao longo de oito anos de governação, as portagens nas SCUT, “caiu o Carmo e a Trindade”.

“Este é o sintoma de uma parte de um país – neste caso a direita portuguesa – que convive com a desigualdade na forma como nós encaramos o desenvolvimento do território”, comentou Pedro Nuno Santos, considerando o discurso do primeiro-ministro sobre o fim das portagens nas SCUT “revelador da forma como olha para o interior”: “O interior é um peso, é um estorvo e qualquer investimento, decisão ou despesa pública no interior é a mais”.

Admitindo que “não é o fim das portagens que vai resolver os problemas do interior”, o Secretário-Geral do PS vincou que “é o mínimo que podemos fazer numa parte do território que tem dificuldades no transporte que não têm os centros urbanos”. É uma medida que “sinaliza a forma como o país deve encarar e respeitar quem vive e trabalha no interior”, asseverou.

O Partido Socialista, que sempre trabalhou “para um Portugal inteiro”, decidiu “investir na mobilidade nas grandes áreas metropolitanas”, dando resposta “à maioria da população”. Ora, “quando decidimos investir no metropolitano de Lisboa e do Porto dois mil milhões de euros, não ouvimos ninguém do interior a queixar-se”, até porque “qualquer português entende a necessidade de investirmos na mobilidade e no sistema de transportes nos grandes centros urbanos”, sublinhou.

“Quando fazemos grandes investimentos onde vive a maioria da população, justificado pela concentração da população e pela atividade económica que temos no litoral, nunca ouvimos o interior a queixar-se”, o que contrasta com a posição do atual Governo sempre que se fala no interior, lamentou.

Pedro Nuno Santos garantiu que o Partido Socialista “não quer um interior contra um litoral” e que não vai permitir “que se faça um discurso que continue a justificar o fosso a que assistimos em Portugal”.

O líder socialista defendeu mesmo que, em matéria de mobilidade, o PS é “o único que pode fazer algo”. “Ouvimos invocar-se o investimento na ferrovia como alternativa às autoestradas portajadas, mas se alguém decidiu fazer esse investimento fomos nós”, recordou.

Pedro Nuno Santos notou depois que “desapareceu do discurso dos governantes atuais em Portugal a palavra ‘interior’”, não aparecendo sequer no discurso do ministro da Coesão.

Ameaças em vez de tentar solução comum

O Secretário-Geral do Partido Socialista voltou a criticar a pressão feita ao PS para aprovar o Orçamento do Estado para 2025: “Por alguma razão, o partido que está na oposição, que não venceu as eleições, não está a governar é que tem de resolver um problema”.

Pedro Nuno Santos mencionou a curiosidade de, “no dia em que a líder parlamentar [Alexandra Leitão] usou a palavra ‘viabilizar’, que deu vários títulos, o primeiro-ministro tenha ameaçado com eleições e desafiado para a apresentação de uma moção de censura”.

Para o Secretário-Geral do PS não faz sentido que, “em vez de abraçar a disponibilidade do Partido Socialista para construir uma solução comum”, o primeiro-ministro tenha feito ameaças.

Luís Montenegro “diz que quer dialogar, diz que quer negociar, mas que não está disponível para fazer cedências em matérias que são compromissos assumidos por si com os portugueses”, indicou Pedro Nuno Santos, lembrando que também o PS tem compromissos com os seus eleitores.

E alertou o primeiro-ministro “que a realidade política hoje é diferente daquela que Luís Montenegro gostaria de ter”, ou seja, “quem governa Portugal não tem maioria absoluta, nem foi capaz de construir uma maioria para poder governar”.

“O Partido Socialista não pode abdicar – está disponível para negociar e ceder – mais do que outros daquele que é o seu programa e a sua ideia de sociedade”, frisou.

Pedro Nuno Santos criticou a forma como o Governo se relaciona com a oposição e afirmou que “o IRS é disso paradigmático”. O que o PS fez, “como partido responsável”, foi “olhar para a proposta do Governo, analisá-la e melhorá-la”, em vez de a rejeitar, recordou.

“O que foi claro para nós, em pouco tempo de análise, é que a maioria da poupança fiscal que era apresentada ao Parlamento estava destinada aos 10% que ganhavam mais”, criticou Pedro Nuno Santos, sustentando que é algo “inaceitável para quem é social-democrata”.

“Acontece que o Parlamento, onde o Governo não é apoiado por nenhuma maioria, aprovou a proposta do Partido Socialista, feita a partir da proposta do Governo”, acrescentou o Secretário-Geral socialista, comentando que “um Governo que quer ter um relacionamento saudável com a democracia e com o Parlamento respeita aquilo que o Parlamento aprovou”.

Pedro Nuno Santos deixou um conselho ao Governo: “Deixemo-nos de birra e aprovemos e implementemos aquilo que o Parlamento decidiu”.

PSD não tem visão estratégica para economia

O Secretário-Geral do PS criticou ainda as políticas económicas do Governo, sendo claro que “quem governa Portugal neste momento não tem a menor visão estratégica para o desenvolvimento da economia nacional”.

As soluções do executivo para resolver os problemas do país “custam muito dinheiro ao Estado, vão promover a desigualdade, não vão transformar nem resolver nenhum problema económico”, denunciou.

Perante este cenário, “o Partido Socialista tem de criticar, tem de apresentar alternativas”, defendeu.

Pedro Nuno Santos esclareceu depois que quem está mais próximo da política fiscal do Governo são a Iniciativa Liberal e o Chega. Por isso, “é na IL e no Chega que têm de procurar a viabilização e a sustentação do Governo”.

E deixou mais um recado: “É mau para a democracia que se tente aprisionar o Partido Socialista a uma estratégia para o país que nós consideramos ser profundamente errada e injusta”.

“Hoje a proximidade do PSD é com a sua direita, não é com o centro-esquerda”, concluiu.

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