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O SUCESSO DA “GERINGONÇA”

O SUCESSO DA “GERINGONÇA”

O PS tem 42 por cento numa sondagem da Aximage divulgada no fim-de-semana. O PSD está em queda livre, situando-se abaixo dos 25 por cento. O fosso que separa os dois partidos é, assim, cada vez maior. Já vai em quase 18 por cento! À beira da maioria absoluta, Costa diz que não sonha com ela, mas se a obtivesse manteria a "geringonça". A esquerda unida jamais será vencida. O contraste entre o PS e o PSD é, sem dúvida, vivo e gritante e tende a acentuar-se. Não é só a décalage das sondagens.

Opinião de:

O SUCESSO DA “GERINGONÇA”

Enquanto o primeiro-ministro fala em continuar com o acordo de esquerda, na próxima legislatura, Passos Coelho admite um mau resultado nas autárquicas. António Costa justifica o desejo de prolongar a “geringonça”, mesmo com maioria absoluta, por ser uma boa solução para o país e com um argumento irrebatível, pese a sua linguagem desportiva, mas sempre popular e acessível: em equipa que ganha não se mexe! Na realidade, o sucesso da “geringonça” é inquestionável. 

Até o cardeal-patriarca, que é uma opinião insuspeita, em entrevista muito recente à Rádio Renascença, disse que o acordo de esquerda obteve resultados surpreendentes. O primeiro-ministro fez acompanhar as suas posições internas sobre a “geringonça” de uma ofensiva externa, embora distanciada por alguns dias, em Madrid, na cimeira dos países do Sul, na qual defendeu o reforço do pilar social da Europa, o papel dos cidadãos na construção do seu futuro e a estabilização da Zona Euro – algumas ideias-chave para que o ideal europeu permaneça vivo e atual. 

A boa saúde de que goza o PS e o seu Governo, bem como a maioria parlamentar que o suporta, não é extensiva, com efeito, à oposição e muito em particular ao PSD. O desnorte e a agitação neste partido são por de mais evidentes. E não só em Lisboa. Ao afirmar que não se demite em caso de mau resultado nas autárquicas, Passos Coelho está já a reconhecer a derrota. Qualquer líder que se preze nunca fala em mau resultado antes de eleições. Quando o faz, o que é pouco vulgar, diria mesmo invulgar, é porque já está a anunciar a derrota. Agora, pergunto: o PSD poderá ter um líder, que admite perder eleições, antes destas se realizarem? O problema é dele. Mas a resposta talvez não seja fácil, porque Rui Rio, o rival de Passos, também parece ter uma grande infantilidade política. Em vez de se demarcar e de se afirmar como alternativa, foi-se sentar ao lado dele, no Porto, na apresentação do candidato do PSD, sorridente, em conversa amena, como que a dizer: entre nós está tudo bem. Mas que grande ingenuidade política por parte de Rui Rio. Caiu que nem um patinho! Foi um erro de palmatória. O PSD parece atravessar a maior crise de quadros e dirigentes da sua história. O seu pessoal político é muito fraco. 

Como remate final, uma referência ao Papa Francisco, que virá a Fátima. Afirmou, há pouco tempo, que quem retira trabalho ao homem comete um pecado gravíssimo. A nossa direita deveria meditar nestas palavras.