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O VOTO AINDA É A ARMA DO POVO

O VOTO AINDA É A ARMA DO POVO

Dizem as sondagens que há um elevado número de indecisos. Surpreende-me que assim seja. Estão indecisos os desempregados de longa duração, sem direito a subsídio e os jovens à procura do emprego que não encontram? Estão indecisos os pensionistas e reformados a quem o governo só não cortou mais porque o Tribunal Constitucional não deixou? Estão indecisos os familiares dos cerca de meio milhão de jovens que tiveram de emigrar? Estão indecisos todos aqueles que foram penalizados com a brutal subida de impostos? Estão indecisos os que esperam pela consulta, pela cirurgia e pelo tratamento que tardam? Estão indecisos os que perderam a casa de família por não terem dinheiro para pagar a prestação do empréstimo bancário? Estão indecisos os que já não vão às consultas por não terem como pagar o transporte e as taxas moderadoras? Não acredito que estes milhares de portuguesas e de portugueses estejam indecisos.

Opinião de:

O VOTO AINDA É A ARMA DO POVO

Aos indecisos, peço que respondam, em consciência, a estas perguntas: Ao fim destes quatro anos de governo PSD/CDS, estamos melhor ou pior? A austeridade era inevitável ou havia alternativa? Quem tem mais condições para formar um governo estável? Qual dos dois candidatos a primeiro-ministro dá mais garantias de estarmos melhor daqui a quatro anos?

Julgo ser hoje claro para a maioria da população portuguesa que estamos pior do que estávamos em 2011. Só os novos milionários podem dizer, com razão, que estão melhor. Não obstante a narrativa da direita repetida à saciedade, os portugueses já perceberam que os sacrifícios foram inúteis. Pois se até a dívida pública e o défice, em nome dos quais os sacrifícios foram impostos, aumentaram em vez de diminuírem! E se Passos Coelho não tivesse pressa de “ir ao pote”, teria sido possível aplicar o PEC4, evitar a vinda da troica e ter ajuda externa como teve a Espanha. Não, a austeridade não era inevitável. Foi opção ideológica. Para garantir condições de governabilidade e estabilidade, ninguém melhor que António Costa, que já deu provas, como ministro dos Assuntos Parlamentares de um governo minoritário e como Presidente da Câmara de Lisboa, de ser capaz de dialogar com todas as forças políticas e parceiros sociais, de lançar pontes e gerar consensos. António Costa é um político competente, experiente e com obra feita. E que cumpre a palavra dada, qualidade que o distingue de Passos Coelho e muito importante para ajudar os portugueses a reconciliarem-se com a política. Não, os políticos não são todos iguais. António Costa não mente. Ele é uma mais-valia para o PS que, com ele, ultrapassa a sua tradicional base de apoio. Nele confia muita gente que dantes apoiava e votava noutros partidos. António Costa é respeitado na Europa e será uma voz audível e influente no Conselho Europeu. Sim, com um tal primeiro-ministro, vamos estar muito melhor daqui a quatro anos.

Ontem, na feira da Malveira, cruzei-me e falei com uma mãe desesperada. A empresa onde o filho trabalhava faliu. No desemprego, o filho deixou de ter condições para pagar a prestação da casa e perdeu-a. Este filho emigrou e o outro também. Ela ficou sozinha, tentando sobreviver à pobreza e à tristeza. Não vai votar. Deixou de acreditar nos políticos, no país, no futuro. Deixou de confiar nas pessoas. Esta mulher é bem a imagem da política do governo PSD/CDS.

Há pessoas que foram tão sacrificadas que desistiram de lutar. Exauridas pelo sofrimento, resignam-se à sua sorte. Não reagem. Não se revoltam. Mas, se não usarem a arma do voto, acabam por premiar aqueles que deveriam punir. A abstenção e a dispersão de votos à esquerda favorecem a coligação PAF. 

Os mais de 70% de portugueses que rejeitam as políticas do governo PSD/CDS sabem que, só votando no PS, se pode mudar de governo e de política. Nunca como nestas eleições isso foi tão claro.