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A figura destrutiva de Barreto Xavier

A figura destrutiva de Barreto Xavier

Numa recente entrevista ao semanário SOL, Jorge Barreto Xavier veio vangloriar-se de que não foi “uma figura decorativa” enquanto secretário de Estado da Cultura. E é verdade: ser uma figura decorativa pressupõe que não se faz nada, e bem que esta figura se tem esforçado para mostrar a sua competência no estrangulamento do setor.

Opinião de:

A figura destrutiva de Barreto Xavier

Barreto Xavier acabou até por se revelar uma figura bastante destrutiva. O corte de verbas a torto e a direito às companhias e estruturas artísticas por todo o país revelou o grau radical da parcimónia e da insensibilidade deste secretário de Estado que defende que a restituição do Ministério da Cultura – tal como vem defendido no programa eleitoral do PS – não passa de uma “obsessão” e “glorificação, que parece patética”. 

O que dizer do representante da Cultura em Portugal quando este desconsidera desta maneira um setor que, segundo o INE, pode contribuir para a criação de emprego em Portugal e no fomento da atividade económica em muitos milhões de euros? Quantas mais companhias terão de fechar e quantos mais artistas terão de emigrar para que Barreto Xavier perceba o quão vital é ter a Cultura em Portugal bem representada e assente num Ministério que respeite e valorize o património e mão de obra cultural do seu país? 

A falácia defendida por este governo de que os melhores prosperam em tempos de crise não passa, lá está, de uma mentira; os melhores não têm conseguido prosperar porque já não têm ninguém que os ajude a dar os primeiros passos. Basta falar com agentes culturais, atores ou bailarinos para se perceber o quão pior ficou o setor nestes últimos 4 anos. As hipóteses de continuarem a existir com a qualidade e trabalho de antes são cada vez mais ínfimas, quanto mais se tornarem melhores.

Se há coisa que Barreto Xavier não conseguiu nestes anos foi tornar-se uma figura que restituísse a confiança que os profissionais da cultura precisam nas suas carreiras. Neste setor esmagado pela precariedade, os artistas não precisam de ouvir da boca do secretário de Estado da Cultura que “têm egos do tamanho do mundo”. Precisam, sim, da estabilidade e do respeito que este governo não tem sabido dar, seja em que setor for.