No encerramento da sessão dedicada à efeméride, integrando a reunião da Comissão Política Nacional, o Secretário-Geral do PS garantiu que o partido “continuará a celebrar o 25 de Novembro e libertará a data do espartilho em que a quiseram colocar este ano”.
E sustentou ser fundamental devolver ao 25 de Novembro a sua verdadeira dimensão histórica e cívica, “libertando-o de interpretações erradas que o prejudicam e celebrando-o com a abrangência capaz de unir os portugueses em torno das suas grandes datas históricas”.
Na ocasião e perante militantes históricos, fundadores, dirigentes e representantes do Grupo dos Nove, José Luís Carneiro sublinhou que esta data “não se pode confundir com o 25 de Abril”, embora a complete, ao representar “a vitória dos que, antes e depois do 25 de Abril, sempre lutaram pela liberdade” e ao recolocar o processo democrático “nas bases fundamentais” da Revolução dos Cravos.
“O futuro é e o futuro será da democracia”, frisou.
Neste ponto, o líder socialista criticou o método adotado pelo Governo da AD na evocação oficial da data, acusando o executivo chefiado por Luís Montenegro de promover comemorações “com sectarismo” e de revelar “tentação revisionista de ajuste de contas”.
Uma postura que, avisou, “prejudica o espírito que presidiu ao 25 de Novembro” e mina a necessária construção de consensos amplos em torno de momentos fundadores da democracia portuguesa.
“O 25 de Novembro deve ser comemorado, mas não com o método reducionista escolhido pelo atual Governo”, clarificou, defendendo uma abordagem agregadora e despartidarizada. “Porque a data merece ser libertada de interpretações erradas e celebrada como momento decisivo para a institucionalização da democracia portuguesa e com base num amplo consenso nacional”.
Mário Soares, Ramalho Eanes e a matriz democrática do PS
Na sua intervenção, José Luís Carneiro revisitou o percurso histórico do Partido Socialista durante o conturbado processo revolucionário, recordando a mobilização popular que encheu a Fonte Luminosa, em Lisboa, e o Estádio das Antas, no Porto, momentos que, sublinhou, “atestam o empenhamento do PS na defesa de um regime inequivocamente democrático”.
Reafirmou ainda que “o nome e o partido incontornáveis dessa garantia civil e democrática foram e continuarão a ser Mário Soares e o Partido Socialista”, evocando o papel decisivo do fundador histórico na estabilização do regime e na consolidação das liberdades fundamentais.
Destacou igualmente o contributo do General Ramalho Eanes, defendendo que “é da mais elementar justiça política agraciá-lo em vida com o título de Marechal”.
José Luís Carneiro traçou também o legado político do PS após 1975: o apoio ao pluralismo sindical — “contra a unicidade sindical”, lembrando as palavras de Salgado Zenha —, a elaboração da Constituição de 1976, a criação do Estado Social democrático, a defesa da separação de poderes e da independência da justiça, bem como a clarificação das relações internacionais de Portugal, da adesão à União Europeia até à consolidação das pontes com os países de língua portuguesa, que desembocariam na CPLP.
Rejeição de extremismos e afirmação de um país plural
Nas palavras do líder do PS, o 25 de Novembro representa também a rejeição inequívoca de “um caminho para uma democracia popular” e, simultaneamente, a recusa do regresso “de uma determinada direita antidemocrática e saudosista”.
Foi, acima de tudo, vincou, o triunfo de uma visão clara de país.
“Um país livre e democrático, europeu e atlântico, humanista, tolerante, socialmente aberto, plural e defensor do multilateralismo”, sintetizou.
E reforçou que “o PS foi e será sempre a garantia de um contributo para um amplo consenso político em torno da conquista, transição, consolidação e defesa dos direitos, liberdades e garantias democráticas”.
Sessão evocativa marcada pelo consenso democrático
Numa sessão comemorativa que contou também com intervenções de Isabel Soares, Manuel Alegre e Manuel Pedroso Marques foi destacada a importância do Grupo dos Nove e o contributo decisivo do PS e de Mário Soares para assegurar o caminho da democracia pluralista que hoje define Portugal.
Ao evocar esta data, afirmou o Secretário-Geral socialista, o PS renova o seu compromisso com a liberdade, o diálogo e um país mais justo e democrático.
“O 25 de Novembro significou a vitória dos que nunca desistiram da liberdade. E o PS continuará, como sempre esteve, ao lado da democracia portuguesa.”
A celebração dos 50 anos do 25 de Novembro no Partido Socialista fez-se, assim, com memória, com responsabilidade e com perspetiva de futuro, afirmando que Portugal só prosperará enquanto permanecer fiel aos valores democráticos que alicerçaram a sua modernização.