Numa intervenção em que percorreu, na primeira pessoa, a vivência de um tempo atribulado, mas igualmente “apaixonante, único e irrepetível”, do PREC e do chamado “verão quente” de 1975, em “grande cumplicidade e proximidade com o meu pai”, Isabel Soares recordou que, em todos os momentos decisivos, o PS esteve do lado certo da história, de “não permitir que uma nova ditadura dia sinal contrário se instalasse em Portugal” e na “defesa intransigente da liberdade e da democracia”.
“O 25 de Novembro foi uma vitória dos militares moderados, liderados pelo Grupo dos Nove, pelo general Ramalho Eanes, mas foi, sobretudo, uma vitória civil do PS, que liderou nas ruas de todo o país a contestação à deriva totalitária”, vincou.
Lembrando que, então, “a direita andava desaparecida, fugida e amedrontada”, e que “outros, mais à esquerda, pactuavam com os ares do tempo”, Isabel Soares notou que hoje, quando se fala de quem protagonizou a coragem do combate que foi feito, há a tentação de querer “reescrever a história, esquecendo e omitindo os verdadeiros vencedores”.
“A falta de memória é gritante e dá muito jeito a certas pessoas, mas a extrema coragem do meu pai, do Zenha, do Alegre, do [Mário Sottomayor] Cardia, que lhes vinha de uma luta sem tréguas contra a ditadura, deram-lhes uma firmeza de convicções que os fizeram nunca ceder parente aquilo em que mais acreditavam: a democracia e a liberdade”, disse.
E num tempo em que “cresce assustadoramente o discurso do ódio, do medo, do racismo e da xenofobia, como ainda hoje [terça-feira] vimos na Assembleia da República”, deixou ainda a mensagem de que esse combate, desde sempre assumido pelo PS, é ainda mais atual e premente.
“É isso que não podemos esquecer nunca. Por isso, tenhamos orgulho na nossa luta e na nossa história”, concluiu.