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160 mil desempregados escondidos das estatísticas

160 mil desempregados escondidos das estatísticas

Por mais voltas e reviravoltas que os partidos da direita queiram dar aos números do desemprego, a verdade nua e crua é que nunca houve nos últimos 50 anos em Portugal nenhum Governo como o atual do PSD/CDS que tenha destruído tantos postos de trabalho.

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Desempregados inscritos diminuem 16% em setembro

Foram mais de 200 mil os empregos líquidos destruídos desde que este Governo tomou posse em 2011. Uma devastação sem nenhum paralelo desde o 25 de abril de 1974.

Para Francisco Madelino, professor no ISCTE, as pessoas ocupadas em programas de emprego como os estágios ou outros programas ocupacionais, os chamados contrato de emprego de inserção, ou ainda em formação profissional meramente ocupacionais, “diminuem o número de desempregados” para efeitos estatísticos.

Estes programas teriam utilidade, como defende, se fossem dinamizados com “seletividade” e a formação fosse “qualificante”, e não como está a suceder, por culpa do Governo que “aqueceu” as medidas, sem “seletividade”, pagando a quase totalidade dos salários” tendo a partir do passado mês de junho, desenvolvido uma ação “intensiva” chamando todos os desempregados para os ocupar numa formação meramente ocupacional.

Para este professor do ISCTE, as convocatórias para os programas ocupacionais têm vindo a aumentar entre 40 a 50%. As anulações dispararam e são monitorizadas ao dia, entre os responsáveis e os diretores locais. “Os cursos a iniciar em agosto, mês de férias, são anormalmente às centenas, basta percorrer o site oficial”.

Só no último ano as pessoas que passaram a frequentar estes cursos “mais do que duplicaram”, estando hoje nos cerca de 160 mil.

Também a utilização dos fundos comunitários, “quase que triplicaram” em 2014, abrindo os estágios a pessoas de todas as idades, “incluindo à beira da reforma”.

Para Francisco Madelino, se a economia não crescer, “por mais que haja apoios a empregos nas empresas”, o que se faz é “rodar trabalhadores, precarizar e não criar emprego”.

E isto defende, porque nas formações meramente ocupacionais, que dispararam neste Governo, em detrimento dos processos “qualificantes e da formação de adultos, a empregabilidade é baixíssima”.

E avança com exemplos: nos estágios profissionais, os que ficaram na empresa, de acordo com os dados do IEFP, são pouco acima dos 20%.

Os famosos 70% de empregabilidade “são falaciosos”, como o comprovam as taxas “dramáticas do desemprego jovem”.

Este professor do ISCTE lembra ainda que nestes estágios várias dezenas de milhares de pessoas recebem abaixo do salário mínimo. O mesmo sucede nas formações do chamado programa Vida Ativa, que “não ativam mas que se limitam a ocupar”, enquanto as políticas ativas de emprego “têm servido apenas para baixar o preço dos salários, desregular e ocupar desempregados”.

Os números não mentem

Perante a frieza dos números, que nos dizem que mais de meio milhão de portugueses tiveram que emigrar, por não encontraram meios de subsistência em Portugal, que nos relatam também a existência de um aumento exponencial dos chamados desencorajados, dos mais de 160 mil “empurrados” para programas ocupacionais e que assim saíram das estatísticas do desemprego ou dos muitos milhares colocados em programas de formação profissional, é no problemático ouvir a direita regozijar-se com os recentes dados do INE sobre o desemprego, considerando-os “dados históricos”.

Histórico, para o PS, é a destruição maciça de postos de trabalho da única e exclusiva responsabilidade da coligação PSD/CDS que ao longo destes últimos quatro anos tudo fez para aumentar o desemprego para padrões, “esses sim”, diz o PS, “históricos e nunca vistos”, e que apontam para que existam mais de 1,128 milhões de portugueses sem trabalho.

E não é com estágios inventados para disfarçar a situação de milhares de desempregados efetivos, ou com os emigrantes “despejados” das estatísticas, que os dados do desemprego se podem enfrentar e alterar.