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Resposta à pandemia: “Ou a União Europeia faz o que tem de fazer ou acabará”

Resposta à pandemia: “Ou a União Europeia faz o que tem de fazer ou acabará”

"A União Europeia corre o risco de acabar se não for capaz de enfrentar os efeitos económicos e sociais da pandemia da covid-19", advertiu o primeiro-ministro em Matosinhos, depois de ter também criticado o ministro das Finanças holandês, acusando-o de "insensibilidade e de falta de compreensão" para entender a realidade dramática que a Europa está a viver.

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Resposta à pandemia: "Ou a União Europeia faz o que tem de fazer ou acabará"

A União Europeia corre o risco de se desintegrar se insistir em manter “raciocínios repugnantes” como os defendidos pelo ministro das Finanças dos Países Baixos quando sugeriu que os organismos europeus deviam investigar países como Espanha ou Itália para se saber ao certo, como sugeriu, porque alegam não ter margem orçamental para lidar com os efeitos provocados pela crise do novo coronavírus.

Uma proposta que António Costa considerou “repugnante” e fora de qualquer contexto dos princípios de solidariedade que sempre orientaram a União Europeia, lembrando que não há nenhum Estado-membro que esteja preparado para enfrentar situações com esta dimensão, referindo que é preciso não ter a noção do que é viver num mercado interno para que “alguém possa ter a ilusão de que consegue resolver o problema da pandemia na Holanda se a doença continuar a generalizar na Itália ou em Espanha ou em qualquer outro sítio”.

António Costa falava aos jornalistas à margem de uma visita que efectuou ao Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel em Matosinhos, no distrito do Porto, uma deslocação onde o primeiro-ministro teve mais uma vez ocasião de evocar o período complicado porque passam presentemente todas as economias de todos os países europeus, considerando ser uma utopia pensar-se que pode haver finanças públicas saudáveis “com economias mortas, pessoas no desemprego e colapso no sistema de saúde”, revelando que quem não pensa assim apenas está a navegar nas “ficções dos manuais neoliberais” porque essa realidade “não existe”.

Para o primeiro-ministro, a prioridade nesta altura é “salvar vidas” e combater o vírus, assumindo que esta deve ser a prioridade de todos os Estados-membros, defendendo que em nenhum caso a União Europeia deve passar para segundo plano esta batalha com o vírus porque fazê-lo seria pôr em causa a vida dos europeus e contribuir de forma decisiva para acabar com o projecto europeu enquanto desígnio político, social e económico, voltando a referir que só pessoas que “não têm a menor sensibilidade ou a menor compreensão” do que está em jogo com esta realidade dramática em que o mundo e a Europa em particular está mergulhada pode defende protagonismos egoístas e desajustados da realidade.

Só ultrapassando de forma segura esta crise provocada pelo novo coronavírus, segundo António Costa, é que será possível criar as condições necessárias e urgentes para “tão rápido quanto possível” voltar a dar condições às empresas para que possam voltar a produzir, os empregos a voltarem a ser seguros e as famílias a poderem de novo também voltar a ter rendimentos, sendo esta a única solução, como referiu o chefe do Governo, para que as “finanças públicas sejam sustentáveis”.

Projeto comum é partilha de dificuldades e vantagens

O primeiro-ministro voltou a sublinhar que “quem quer estar numa UE a 27 tem de perceber que estar numa união não é viver em isolamento”, mas “partilhar com os outros as dificuldades e as vantagens”, sublinhando que um país como a Holanda “que tem sido dos mais beneficiados com a existência de um mercado interno e com a zona euro”, devia ser o primeiro a perceber que “num espírito de união estamos cá todos para nos apoiar uns aos outros”.

António Costa voltou a sublinhar o seu claro desagrado com as declarações do titular da pasta das finanças holandês, em relação a Espanha e a Itália, recordando que Portugal tem ainda bem presente as palavras infelizes de um outro ministro das finanças da Holanda durante a recente crise económica, lembrando que Portugal mesmo quando estava debaixo dessa grave crise económica, foi dos primeiros países a “acolher migrantes e refugiados”, porque “sabíamos que tínhamos parceiros na Europa que viviam uma grave crise migratória”, sendo esta, como aludiu, “modéstia à parte”, a forma “certa de estar na União Europeia”.