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Valorização das regiões transfronteiriças é essencial para a estratégia de desenvolvimento do país

Valorização das regiões transfronteiriças é essencial para a estratégia de desenvolvimento do país

O grande potencial de crescimento de Portugal não está nas áreas mais desenvolvidas e onde existe uma concentração maior de população, mas nas zonas de fronteira que o país “desvalorizou irracionalmente” ao longo de décadas, afirmou o primeiro-ministro, esta manhã, em Bragança.

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Valorização das regiões transfronteiriças é essencial para a estratégia de desenvolvimento do país

Falando hoje na cidade transmontana de Bragança, António Costa considerou que um dos “maiores erros” que o país tem cometido ao longo dos anos foi ter olhado para as regiões junto à fronteira como terras do interior e não como zonas com um enorme potencial de centralidade, dando a este propósito o exemplo de Bragança que terá muito em breve, a apenas a 30 quilómetros, uma estação do comboio de alta velocidade espanhol.

O primeiro-ministro fez aliás questão de comparar a localização da cidade de Bragança com a de Lisboa, perguntando qual destas cidades tem a posição mais central, quando a cidade transmontana “está a 30 quilómetros do TGV espanhol” e a capital portuguesa a mais de 400 quilómetros.

Para António Costa, há absoluta necessidade de se começar a ter um olhar diferente para as regiões ditas do interior, mas que efetivamente, como defendeu, não o são, desafiando a que se tenha, por exemplo, um olhar a partir de Bragança, que está “à mão de semear” e, num raio de 150/200 quilómetros, tem ao seu redor “só no lado de lá da fronteira” cerca de cinco milhões de habitantes, estando a apenas hora e meia do Porto, e tendo ao lado Castela e Leão, com 2,4 milhões de habitantes ou a Galiza, com 2,7 milhões de habitantes.

Trata-se de uma evidência que o primeiro-ministro lamenta que tenha sido negligenciada ao longo dos anos, reafirmando que tanto Bragança como outras cidades e regiões do país, tidas como sendo do interior, apresentam, ao invés, uma realidade bem diferente que é terem uma “centralidade absolutamente extraordinária” que importa potenciar.

Mercado Ibérico

Nesta linha de raciocínio, o primeiro-ministro defendeu que Portugal “tem de se virar” para o mercado ibérico, de 60 milhões de habitantes, questionando-se como é que há empresas junto à fronteira que exportam para os “sítios mais diversos do mundo” e não apostam preferencialmente em vender os seus produtos num mercado que está a apenas 100 quilómetros de distância, sendo para António Costa esta a “grande fronteira que nós temos de conseguir abrir”.

Neste sentido, o primeiro-ministro foi claro a defender que “no debate em curso” importa que a prioridade estratégia de Portugal pós 2020 se concentre no “desenvolvimento das relações transfronteiriças com Espanha”, recordando a este propósito que, na última cimeira ibérica realizada em Trás-os-Montes, os governos dos dois países acordaram avançar em conjunto com “um grande projeto de desenvolvimento transfronteiriço”, iniciativa que passará, como salientou António Costa, pelo trabalho de “aproximação entre o conhecimento e o tecido empresarial”, realidade que será concretizada com “novos laboratórios colaborativos que o Governo está a criar no país”.

Entretanto dois destes laboratórios colaborativos foram hoje oficializados pelo primeiro-ministro, nesta sua deslocação oficial à região de Trás-os-Montes, sendo que um trabalhará sobre a problemática dos recursos de montanha, ficando sediado em Bragança, enquanto o segundo equipamento, ligado ao estudo e desenvolvimento do vinho, terá a sua localização na cidade de Vila Real.

Em Bragança, António Costa teve ainda oportunidade de ficar a conhecer projetos e empresas que resultaram das parcerias entre a investigação feita a nível das instituições académicas e o sector empresarial, nomeadamente projetos que envolvem o Instituto Politécnico de Bragança e o parque de tecnologia e investigação, “Brigantia Ecopark”.