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Uma reunião de emergência

Uma reunião de emergência

Pelos tempos que vivemos e pela vida que passámos nos últimos anos haverá poucos socialistas que ainda se levantem para defender o Tratado Orçamental europeu que impõe regras claras quanto ao desempenho orçamental de cada país.

Opinião de:

Uma reunião de emergência

Pela nossa parte continuamos a defender os princípios desse mesmo pacto, conhecedor que somos na necessidade de garantir estabilidade e confiança no universo dos países que integram a UE e em especial o Euro.

Acontece que os objetivos do défice e da dívida devem ser atingidos de forma inteligente, não impondo sacrifícios incomportáveis aos países que potenciem a crise e aprofundem o mau desempenho económico. 

Há quem tente comparar as economias grega, irlandesa e portuguesa, todas objeto de programas de intervenção nos últimos anos. Essa comparação é absurda, digamos mesmo que é destituída de conhecimento. Cada uma das economias está sujeita a implicações diferentes, a influências externas diversas, a uma constituição do aparelho produtivo divergente. Fazer uma leitura do crescimento irlandês e querendo transportar essa realidade para Portugal é desconhecer o facto de neste retângulo se falar português e não inglês, de neste canto se ter desenvolvido uma emigração que seguiu para a Europa e não para os EUA, de não podermos ser nunca um ponto avançado das empresas americanas que promovem engenharia financeira e a fuga aos impactos tributários da administração do Tio Sam. 

Mas, regressando ao tema do Tratado Orçamental, importa perguntar se as instituições europeias se comportam como se deveria exigir. Pela nossa parte entendemos que não. Há uma implicação absurda na política interna de cada Estado, uma avaliação de mérito de cada solução governativa. Tal comportamento é inaceitável. 

É por isso que defendemos o lançamento de uma acção diplomática junto dos partidos socialistas e sociais-democratas europeus. O PS deve passar à ação. Não se pode esperar mais que o PSE encontre o ponto simpático, que nunca se conseguirá, relativo às amarras ao crescimento que a Europa nos impõe. E não se pode deixar, nas mãos de um antipático socialista presidente do ECOFIN, a outorga de uma política sem cabeça e com mau sentido. O PSE deve reunir a pedido do PS e não pode atrasar-se numa leitura fina do futuro da Europa e de Portugal.