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UM GOVERNO MESTRE NA MANIPULAÇÃO

UM GOVERNO MESTRE NA MANIPULAÇÃO

A única coisa em que este Governo do PSD/CDS é verdadeiramente bom é na mentira e na manipulação. O impulso para reescrever a história surge a todo o momento e sem o menor pudor em toda a hierarquia da governação. E no que toca a tentar negar que o Primeiro-ministro ou membros do seu Governo alguma vez tenham feito apelos à emigração, a reincidência é tão surpreendente como a irreprimível tendência para mandar os portugueses emigrar.

Opinião de:

Água vai (ser reformada)? Não vai!

O problema é que este tema está excessivamente presente na sociedade portuguesa, porque há demasiadas pessoas que já sentiram na pele a revolta de serem obrigadas a partir, deixando família, amigos e a vida para trás. Portanto, é preciso descaramento para tentar passar uma esponja por cima daquela que tem sido, no fundo, uma espécie de doutrina íntima do Governo.

Os exemplos concretos desses apelos não faltam. E para que não fiquem dúvidas o melhor é fazer uma lista, que ainda peca por defeito. O mais surpreendente é uma entrevista que Passos Coelho deu a partir de Luanda ao telejornal da RTP, em 17 de Novembro de 2011, incentivando os portugueses a emigrar enquanto a economia do país não desse sinais de melhoria, perante um José Rodrigues dos Santos incrédulo com o que ouvia. Depois, em 18 de Dezembro de 2011, numa entrevista ao Correio da Manhã, voltou a fazer o mesmo apelo, sugerindo, “sobretudo aos professores, que olhassem para todo o mercado da língua portuguesa e encontrar aí uma alternativa”.

Em 29 de Outubro de 2011, o então Secretário de Estado da Juventude, Alexandre Mestre, num encontro com a comunidade em São Paulo, convidou os jovens a sair da “sua zona de conforto”: “Se estamos no desemprego, temos de sair da nossa zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras”, disse.

Em 16 de Novembro, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, veio afirmar que “a emigração de jovens qualificados sem emprego pode ser algo extremamente positivo”. 

Mais arrojado foi o eurodeputado Paulo Rangel, que em 20 de Dezembro de 2011, sugeriu mesmo que o Governo criasse uma agência para ajudar os portugueses a emigrar.

Mesmo quando Passos Coelho esteve em Paris, em 17 de Janeiro de 2013, mais uma vez a tentar desmentir que alguém tivesse apelado à emigração, não conseguiu evitar deixar esse apelo ao dizer que “a busca de oportunidades além-fronteiras não deve ser um estigma”.

Mais recentemente, em 28 de Fevereiro, num ato de reincidência muito revelador do pensamento profundo da maioria, foi a ministra das Finanças que, em Trás-os-Montes, apelou explicitamente à emigração, aconselhando os jovens desempregados e licenciados a partir para outras paragens. “Hoje os jovens têm dificuldades no acesso ao emprego. E um jovem que acabe uma licenciatura tem o mundo à sua disposição”, disse Maria Luís Albuquerque.

A verdade é que a crise social em que a atual governação mergulhou o país, o fascismo fiscal que entra pelas nossas vidas à procura de receita para o Estado e que nem sequer poupa as pessoas mais frágeis, o fomento dos baixos salários e o custo elevado dos serviços, a falta de oportunidades para os jovens e diplomados, os cuidados de saúde cada vez mais difíceis sobretudo para as pessoas com menos recursos, acabam por ser fatores determinantes na decisão de milhares de portugueses de continuarem a abandonar o país. 

O Governo pode encher os cofres, tal como Salazar acumulou reservas de ouro, à custa das privações dos portugueses. Mas está de certeza a esvaziar o país e a criar gerações de gente revoltada e ressentida. Está a quebrar a confiança entre as instituições do Estado e todos os portugueses, os que estão no país e os milhões que vivem além-fronteiras. 

É por isso urgente um novo Governo, uma nova liderança que acredite naquilo que cada país tem de mais precioso: o seu povo, os Portugueses.