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UE pós-BREXIT | Vencer o medo, derrotar o populismo

UE pós-BREXIT | Vencer o medo, derrotar o populismo

No referendo realizado no Reino Unido sobre a continuidade na União Europeia, a escolha de sair da União Europeia (UE) foi tomada maioritariamente pelos mais pobres, pelos mais velhos e pelos menos qualificados. Em contrapartida os mais inseridos profissionalmente e os mais jovens votaram maioritariamente por ficar na União.

Opinião de:

UE pós-BREXIT | Vencer o medo, derrotar o populismo

Para ultrapassar a crise e sair reforçada de todo este doloroso processo, a União Europeia tem compreender o que o motivou e agir para mudar. O voto britânico é fruto do medo. Medo das consequências duma globalização sem regras, medo do impacto das transformações tecnológicas e medo da concorrência direta dos novos migrantes no acesso a oportunidades de emprego.    

Em primeiro lugar, muitos dos que votaram pela saída do Reino Unido, votaram contra a globalização sem rosto humano e sem regras justas. Infelizmente erraram o alvo. É que se há esperança em mudar essas regras, ela parte em larga medida da visão mais humanista e sustentável do projeto europeu, quando comparado com a realidade de outros espaços e modelos económicos.  

Em segundo lugar, muitos votaram pela saída por sentirem que as políticas de transição energética e digitalização estão a destruir empregos de pessoas não qualificadas e a criar empregos para outros perfis, muitos deles recrutados fora do território britânico. Esta é uma outra questão que não diz respeito apenas ao Reino Unido mas a toda a Europa. A concretização de uma agenda forte de requalificação de ativos é uma prioridade determinante. Portugal tem nisso dado exemplos que podem ser inspiradores para a UE.

Finalmente, e escolhendo apenas os três fatores chave do medo cavalgado pelos populistas, muitos votaram pela saída amedrontados pelo anúncio de uma invasão brutal de migrantes, em particular de migrantes turcos. Sendo essa ameaça falsa, alerta contudo a UE para a necessidade de afirmar uma política de imigração robusta, solidária mas integrada com dinâmicas económicas que permitam criar sinergias e não constrangimentos nas sociedades de acolhimento. 

O BREXIT confronta a UE consigo própria e com o seu futuro. É avisada a posição que ganha peso de não aceitar negociar antes que o Reino Unido acione a cláusula de saída. Fazer de outra forma seria escancarar uma Caixa de Pandora para a contaminação e para aproveitamentos populistas noutros países.

 A UE tem que tirar as lições e mudar. Completar a arquitetura económica e monetária e reforçar o orçamento comum, lançar um plano de investimento forte na economia real e criar uma política comum de inteligência e segurança são apenas alguns exemplos do que tem que ser feito já. Ações que melhorem a vida dos europeus. Que combatam o desalento e o medo. Que resgatem o projeto europeu como um projeto de paz, tolerância e desenvolvimento sustentável e partilhado.