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Temos cofres cheios

Temos cofres cheios

Opinião de:

Temos cofres cheios

A ministra das Finanças informa-nos de que tem os cofres cheios. Apesar do peso das transações eletrónicas pela intensa e profunda cobrança fiscal, a bem e a mal, dispensando os belos arcazes seculares que o seu ministério tem espalhados pelos corredores, a ministra entendeu encher as “burras” com dinheiro emprestado. Nada a opor, foi até esse o conselho que o PS lhe deu em devido tempo, honra seja feita a Seguro. Mas quando se pede emprestado deve ser mesmo em cima da despesa, para embaratecer o custo do crédito. Ora a ministra vangloria-se de acumular empréstimos, enchendo os cofres com dinheiro que pedimos emprestado. Nunca vi ninguém ficar feliz por ver entrar na sua conta, ou deter na sua mão por segundos, o valor de um crédito bancário indispensável para pagar parte da casa e que delas voará para o vendedor. Reconheço que é melhor ter assegurado o pagamento das prestações da dívida pública, em devido tempo, do que andar ao tio-oh-tio, para cumprir compromissos. Mas duvido que os seus ouvintes, mesmo jovens entusiasmados como os do PSD e ainda menos os restantes cidadãos que a ouviram, sintam alguma tranquilidade em saber que temos os cofres cheios de riqueza fugaz. No mínimo, deveria ter cuidado com as palavras. A forma como falou deixou no ar a ideia de que tudo vai bem no reino, quando afinal, os credores nos apertam as orelhas, admoestando-nos contra o eleitoralismo barato que sai caro.

Multipliquem-se. No seu entusiasmo prosélito, a ministra da dívida pública achou que deveria influenciar o débito conjugal. E incentiva os jovens a procriarem, mesmo que a ocasião não seja a melhor. Ainda esperei que ela enunciasse medidas de apoio aos jovens casais, como garantia de emprego, apoios sociais para crianças de pais desempregados, enxovais, crédito alimentar, locais para guarda de crianças em serviços públicos que todos frequentam. Ou ainda o reforço dos meios em creches e no pré-escolar. Nada disso. A ministra manda apenas os jovens multiplicarem-se, mesmo sem as palhinhas para o recém-nascido. Depois se verá.