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SNS já não garante acesso universal

SNS já não garante acesso universal

O Relatório da Primavera do Observatório dos Sistemas de Saúde, apresentado hoje em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, apresenta um diagnóstico arrasador do atual estado da saúde em Portugal, em particular no Serviço Nacional de Saúde. Faltam enfermeiros, os médicos estão mal distribuídos e o valor das taxas moderadoras afasta os utentes do serviço público.

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SNS já não garante acesso universal

Neste relatório, elaborado por um grupo de trabalho que envolve várias universidades, é ainda apontado que os hospitais perderam milhares de camas para internamento e denuncia a drástica redução de consultas realizadas nos Centros de Saúde que, em apenas quatro anos, reduziram perto de cinco milhões.

Para além desta diminuição nos hospitais, as camas das redes de cuidados continuados não chegam para responder a 30% das necessidades, já que em todo o país, diz ainda este relatório, há mais de 110 mil pessoas em casa dependentes de cuidados das quais 50 mil acamadas.

O acesso aos medicamentos por parte dos portugueses está cada vez mais difícil devido à diminuição do seu poder de compra, diz o relatório do Observatório dos Sistemas da Saúde, que aponta a crise como uma explicação, quer pela perda de poder de compra dos utentes, quer pelas dificuldades com que se depara a indústria distribuidora e as farmácias.

Apesar de os orçamentos familiares estarem cada vez mais magros, as despesas com a saúde, sustenta este relatório, tendem a aumentar sem que os serviços públicos de saúde ou os seguros privados consigam dar as respostas suficientes.

O documento, que analisa a saúde dos portugueses após a intervenção da troica, conclui que o número de enfermeiros está claramente abaixo da média da OCDE, e que os médicos estão inadequadamente distribuídos pelo território com uma clara vantagem para as zonas urbanas.

No relatório é ainda assinalado que houve uma clara diminuição de médicos de 1,4% de 2012 para 2013.

Há doentes a desistiram de tratamentos

Para a deputada socialista Luísa Salgueiro, em declarações esta manhã ao Fórum da TSF, este relatório tal como o anterior elaborado pelo ISCTE, vem confirmar o que há muito o PS denuncia: que com este Governo o SNS conhece uma acentuada degradação, a tornar-se iníquo e que “já não garante o acesso universal a todos os portugueses”, sobretudo àqueles que mais necessitam, ou seja, às pessoas com mais dificuldades económicas, aos mais idosos ou às que padecem de problemas especiais como sejam as doenças mentais.

Luísa Salgueiro garante que há cada vez mais portugueses a desistirem de tratamentos “inclusive oncológicos” e a terem que optar entre a medicação e a alimentação.

Lembra que a alternativa defendida pelo PS passa por uma aposta forte nos cuidados de saúde primários e pelas unidades de saúde familiares, iniciativas a que a “própria troica reconheceu mérito”, lamentando que o Governo este ano tenha aberto em todo o país “apenas uma Unidade de Saúde Familiar”, apesar de ter “muitas candidaturas pendentes”.