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Requisição civil para a Autoeuropa

Requisição civil para a Autoeuropa

O que está a acontecer na Autoeuropa vai para além de tudo o que se pode considerar normal. Em boa verdade, o que nos chega ao conhecimento é a retoma de um confronto que já deu frutos, maus frutos, em tempos idos com outras empresas e com outros grupos.

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Ao longo da sua existência a Autoeuropa sempre soube consagrar uma relação sadia dentro do seu espaço fabril. As relações entre Comissão de Trabalhadores e Administração, apesar de tensas, sempre ofereceram uma visão de interesse maior, soluções que se encontravam para não sacrificar o futuro. Nos dias de hoje assistimos a uma velha característica que havia ficado no século passado – primeiro os sindicatos vermelhos roubam a Comissão de Trabalhadores e, depois, atacam a empresa.  

As reivindicações que se conhecem indicavam uma só questão – o trabalho ao fim de semana com um pagamento de horas em 200%. Os sindicatos não aceitam esta proposta, como se, por este tempo, possa haver uma empresa que não consagre uma laboração agregada à procura. 

Mas há uma importante consagração que poucos conhecem – os sindicatos aceitam a contratação de precários para cumprirem as horas dos efetivos. Ou seja, são os próprios sindicatos a aceitarem, a proporem, a precariedade desde que não estejam em causa os “oficiais” sindicalistas e seus amigos. 

Outra das reivindicações vai no sentido de um aumento salarial de mais de 6%. Ora, olhando para o universo em que a Autoeuropa se insere, a remuneração média da Autoeuropa é superior em 63%, com um conjunto de vantagens e prémios que não inserem essa remuneração média. O que estamos a ver é, nitidamente, uma espiral reivindicativa que põe em causa a imagem da empresa, a qualidade da produção e, obrigatoriamente, o seu futuro. 

Por último a atitude vergonhosa da CGTP de quer querer o governo negoceie, com o grupo que integra a Autoeuropa, a construção, em Portugal, de veículos elétricos. A CGTP é mesmo o mais arcaico dos agentes ainda existentes no nosso país, uma reminiscência soviética que implica com a nossa economia, que reivindica o planeamento central de má memória. 

Os novos modelos são disputados em concorrência pelas diversas fábricas em diversas partes do mundo, nunca são os países a escolher onde serão construídos, como será bem compreendido por gente de mediana inteligência. 

Estamos perante uma situação gravíssima, uma atitude que importa travar se não regressar o espírito de negociação. E se os sindicatos continuarem a travar a empresa e a por em causa o futuro deve o governo determinar, as vezes que forem necessárias, a requisição civil.