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Refundar a Fundação Côa Parque

Refundar a Fundação Côa Parque

Opinião de:

Refundar a Fundação Côa Parque

O novo Conselho Diretivo da Fundação Côa Parque, recentemente nomeado pelo Ministro da Cultura, está bem ciente da dimensão dos desafios que tem pela frente: o desafio de zelar escrupulosamente pela salvaguarda, investigação, promoção, divulgação e fruição pública da enorme riqueza patrimonial do Vale do Côa; o desafio de fazer renascer a fundação, depois de um período dramático de abandono político e agonia financeira, que ameaçava comprometer a natureza da sua missão e a sua própria viabilidade institucional.  

A resolução do Conselho de Ministros do passado dia 30 de novembro marcou um primeiro e decisivo momento de inversão dessa trajetória de decomposição e abatimento. Ao conseguir promover a intervenção do Estado no reforço extraordinário do financiamento atribuído a esta Fundação, o Ministro da Cultura prestou um serviço inestimável aos projetos do Museu e Parque Arqueológico do Vale do Côa, não apenas porque assim foi possível iniciar um processo de correção dos graves constrangimentos financeiros a que estiveram sujeitos; mas também porque, com essa intervenção, ficou bem patente o empenho colocado na reanimação das sinergias existentes entre as entidades fundadoras (Direção-Geral do Património Cultural, Turismo de Portugal, Agência Portuguesa do Ambiente, Associação de Municípios do Vale do Côa e Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa), ficando agora a ação do governo reforçada com o envolvimento das áreas da ciência, tecnologia e ensino superior, decisão particularmente feliz, que permite articular as premissas iniciais deste projeto com as valiosas redes de produção de conhecimento das nossas universidades.

Em face desta nova conjugação de esforços, a Fundação Côa Parque tem de se instituir como entidade preponderante no processo de aproximação e congraçamento de todos os atores – nacionais, regionais e locais, públicos e privados – que queiram comprometer-se com o desígnio da preservação, conservação e valorização daquele magnífico património arqueológico, histórico e natural; tem de se assumir como entidade incontornável no processo de afirmação do Parque Arqueológico do Vale do Côa e do Museu do Côa enquanto projetos culturais e científicos de referência, nos panoramas nacional e internacional; e tem de se consolidar como agente incontornável no processo de afirmação de um amplo território, espaço charneira entre Trás-os-Montes e a Beira, onde pontificam outros patrimónios relevantes – como o Alto Douro Vinhateiro e o Douro Internacional – reforçando a sua consciência e coesão identitária e contribuindo, decisivamente, para o seu desenvolvimento e competitividade económica, pelo aproveitamento turístico dos seus recursos endógenos. 

A hora é, pois, de confiança e esperança no enorme e ainda inexplorado potencial do património histórico e natural do Vale do Côa que, sendo identificado como território de baixa densidade, vítima crónica da tendência devastadora de retração económica e erosão demográfica, reúne todas as condições para ser um caso bem-sucedido das políticas de correção das assimetrias regionais, definidas como prioritárias no programa do XXI Governo Constitucional.