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Profissionalizar a comunicação política

Profissionalizar a comunicação política

A RTP 2 exibiu recentemente duas séries europeias - a dinamarquesa Borgen, e a francesa Os Influentes- ambas centradas na relação entre a política e os <em>media</em>. Cito-as porque elas têm muito a ver com a realidade portuguesa, o que pode até ter surpreendido aqueles que pensam que os nossos políticos são piores que os políticos dinamarqueses ou franceses e que cá os <em>media</em> perseguem os políticos porque, encontrando-se em geral falidos, “precisam de audiências”.

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Ora, o que essas séries nos mostram é que as formas de fazer política e o funcionamento dos media seguem hoje lógicas e padrões que ultrapassam as condições particulares de cada país e de cada povo, adquirindo uma dimensão transnacional, proporcionada em grande parte pelas novas tecnologias da informação e da comunicação e pela globalização. Basta pensarmos na facilidade com que uma notícia, um boato, um acontecimento ou simplesmente uma moda se podem tornar virais atingindo em poucos segundos milhões de cidadãos em todo o mundo.

Existe porém uma diferença entre as práticas políticas e mediáticas naqueles dois países, magistralmente ficcionadas nas duas citadas séries televisivas, e a realidade portuguesa, caraterizada em geral por algum amadorismo no relacionamento entre agentes políticos e profissionais dos media. De facto, enquanto na Dinamarca e em França práticas como o spin doctoring ou o lobbiyng se encontram institucionalizadas, em Portugal essas práticas são tidas como indesejáveis e marginais, usadas por alguns para campanhas “sujas”. Ora, num ambiente de proliferação de media e de mensagens, a profissionalização da comunicação política adquire especial importância, sobretudo em contextos eleitorais. 

A profissionalização da comunicação política obedece a determinadas regras. Pressupõe, por exemplo, a centralização da comunicação, a resposta rápida ao adversário para induzir pontos de vista e correções a acusações, não deixando sem comentário nenhum discurso do opositor. Aperfeiçoar a monitorização da informação para garantir o acompanhamento permanente de toda a informação, quer para garantir resposta rápida e adequada quer para avaliar as suas próprias atividades, são regras imprescindíveis na comunicação política. 

Aproximando-se dois atos eleitorais que prometem competição cerrada entre candidaturas e candidatos, torna-se indispensável que os partidos aperfeiçoem os seus aparelhos e instrumentos de comunicação com os cidadãos quer diretamente quer através dos media tradicionais quer dos novos media.