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PLANTAR UMA ÁRVORE

PLANTAR UMA ÁRVORE

Chegados ao fim do inverno, temos um país em mudança. Percorrem-se novos rumos nas políticas orçamentais, estabelecem-se novas pontes na arquitectura parlamentar e renascem as aspirações de muitos portugueses desgastados com a Sra. TINA e com o Sr. Cavaco. Mas há algo que também está em mudança e sobre o qual importa reflectir: o PS.

Opinião de:

PLANTAR UMA ÁRVORE

Nos últimos dias, temos ouvido destacadas figuras da direita afirmar que o PS está “em campanha”, seja por inscrever no orçamento medidas que devolvem rendimentos às famílias, por surgirem vídeos no YouTube do Primeiro-ministro a explicar essas medidas, ou por se promoverem sessões públicas de esclarecimento com os próprios elementos do Governo. Não, o PS não está em campanha, mas há algo a acontecer no PS, e algo que, para os mais atentos, não é de agora.

Aquilo que estas iniciativas comprovam é uma vontade reforçada do partido em comprometer-se com as pessoas, em promover uma conversa – em ouvir e falar abertamente com os cidadãos. O PS não está em campanha, o PS está num processo de mudança e de afirmação dessa mudança aos portugueses.

Por muito que custe à direita e a alguns comentadores “isentos”, é precisamente isto que os portugueses querem: que os partidos assumam que não são perfeitos; que se exponham; que “dêem o peito às balas”; que sejam, em suma, genuínos. Num momento em que existe um divórcio generalizado entre os cidadãos e a política, em que a desconfiança e a falta de interesse são patentes nas gerações mais novas, importa hoje, mais do que nunca, potenciar o envolvimento destas pessoas e trazê-las de volta à discussão. Se acrescentarmos a isto uma comunicação social que depende de pageviews para viabilizar financeiramente as suas redacções, e onde a polémica e a crispação são bestsellers garantidos, o papel que os partidos têm no plano da comunicação torna-se ainda mais determinante.

O ASD, que cumpriu um ano de vida na passada sexta-feira, é mais uma iniciativa que comprova este espírito pioneiro e de abertura. Ao longo de um ano, arriscou publicar a opinião de vários desconhecidos que produzem pensamento nas redes sociais, muitos dos quais não militantes, como é o meu caso. Esta semana, vai mais longe e convida-os a serem directores por um dia, começando por este ilustre desconhecido que vos escreve. Será também isto uma manifestação do PS em campanha? Sugiro outra hipótese: a de que este espírito radica nos próprios valores do PS, um partido com uma história de pioneirismo, marcada por avanços sociais que muitos hoje dão por adquiridos e que exigiram enorme audácia e coragem nesses combates.

O meu desejo sincero é que este espírito perdure e vá ainda mais longe. Acredito que há um sangue novo no partido capaz de o concretizar e acredito que esta é a altura certa para o fazer. Como reza um provérbio chinês, “a melhor altura para plantar uma árvore foi há vinte anos, a segunda melhor altura é agora mesmo”.

Luís Vargas
Diretor convidado do ASD