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O último adeus a Maria Barroso

O último adeus a Maria Barroso

Foram inúmeras as personalidades da vida política, social e cultural, gente anónima que quis prestar, hoje de manhã, a última homenagem a Maria Barroso, “mãe do PS”, como lhe chamou António Costa.

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O Estado a que isto chegou - Opinião

As exéquias da ex-deputada Maria Barroso realizaram-se esta manhã, com a urna a sair do Colégio Moderno, em direção à Igreja dos Santos Reis Magnos, no Campo Grande, onde às 11 horas foi celebrada missa de corpo presente pelo padre Feytor Pinto, realizando-se de seguida o cortejo fúnebre, com uma paragem na sede nacional do PS, no Largo do Rato, em direção ao cemitério dos Prazeres.

Evocando a mulher de causas que foi Maria Barroso, o Secretário-geral do PS, António Costa, salientou a sua postura “indomável perante a vida”, recordando ter abandonado uma carreira onde já era reconhecida como uma das melhores atrizes portuguesas para “partilhar o combate pela democracia”, ao lado de Mário Soares, sendo a única mulher, como salientou, que esteve presente no ato fundador do PS, em 19 de abril de 1973, na cidade alemã de Bad Munstereifel.

Muitas foram as personalidades presentes que manifestaram tristeza e consternação pelo desaparecimento de Maria Barroso, lembrando o seu percurso de vida, como mãe, pedagoga, política, mulher de cultura e de “inúmeros talentos”, como a definiu António Costa.

Falando no Cemitério dos Prazeres, o Secretário-geral do PS começou por afirmar que as muitas homenagens que têm sido feitas a Maria de Jesus Barroso mais não são do que o “agradecimento de muitos e muitos portugueses à mulher única” como atriz, declamadora, pedagoga, mãe, avó e como militante política, “que sempre soube ser”, e que encontrou em todas estas vertentes da sua vida, uma unidade nos mesmos valores “filiados na ideia dessa utopia da libertação do ser humano”.

E foi essa utopia, salientou António Costa, que a moveu ao longo de todas as suas dimensões no combate contra a ditadura do Estado Novo, na difusão da cultura, nas personagens que interpretou, nos poemas a que deu voz, “nos discursos com que nos inspirou” e nos combates que sempre travou.

A Maria de Jesus Barroso, prosseguiu o Secretário-geral do PS, foi para as sucessivas gerações de socialistas, a “voz amiga, a presença querida, que sempre nos soube incentivar e dar-nos força nos momentos de combate e nos momentos de tristeza”, mas que nunca deixou de partilhar com o PS “tantas e tantas alegrias” e de ser um “fator de agregação de todos os socialistas e dos seus valores”.

António Costa relembrou depois o que já antes tinha afirmado, quando defendeu que Maria Barroso, por direito próprio, “é a mãe do PS”, não só por ter sido a companheira e a mulher do pai fundador do PS, Mário Soares, “mas por ela própria” por aquilo que “ela sempre deu ao partido, como militante de base, como dirigente, como deputada e, sobretudo, pelo carinho e pela afetividade como sempre nos uniu a todos”.

É por tudo isto, disse ainda o Secretário-geral, que o desaparecimento físico de Maria Barroso criou em todos nós socialistas “um enorme vazio nos nossos corações”, um vazio que, para António Costa, será sempre preenchido pela “memória viva do que foi o seu combate e sobretudo pela energia e determinação que sempre mostrou em tudo o que fazia”.

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