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O PSOE, o PS, a História e o território

O PSOE, o PS, a História e o território

Assumimos um defeito que nestes tempos se revela insignificante – o de acompanhar, com cuidado e atenção, as eleições que se realizam nos países ocidentais e o desempenho dos partidos socialistas e sociais democratas. Foi, por isso, que sintonizamos a TVE nos últimos tempos, que verificamos, com a ajuda da tecnologia e da gravação a sete dias, o desenrolar da campanha no Reino de Espanha.

Opinião de:

O PSOE, o PS, a História e o território

Passados seis meses desde a última consulta, os espanhóis voltaram às urnas cansados, muito desiludidos. Há uma imensa repulsa que soma as questões ligadas aos movimentos independentistas à situação económica, que agrega a falta de representatividade partidária aos inúmeros casos de corrupção. 

Em dezembro os espanhóis consagraram uma nova realidade parlamentar. A dimensão do Podemos e o aparecimento do Ciudadanos repartiram os “escanos” do Congresso, mesmo que não tenham criado novas realidades no Senado. 

Se o Ciudadanos assume a rotura com a agregação em torno do PP, resultado da democracia de 1978, aglutinando, ainda, quadros e apoios financeiros de grandes empresas, já o Podemos carece de um outro estudo. 

Há quem aconselhe prudência quando indicamos o Podemos como um partido de esquerda, quem negue a sua inserção no universo progressista. São avisados os que assim pensam. Os movimentos agora prendidos no Unidos Podemos são uma imensa malha de interesses que vão desde os trânsitos antiglobalização até aos agregados cessionários. Ao contrário do Bloco de Esquerda, em Portugal, ou do Syriza na Grécia, não obteve uma verificação organizativa unitária, semeando, sempre, as linhas bastardas do máximo populismo. 

Se o PP atacou o Ciudadanos, como se esperava, a verdade é que também atacou o PSOE ao centro e, por sua vez, o PSOE atacou o Podemos, pela primeira vez, no seu núcleo moderado. Em poucos meses há quase dois milhões de votos de circulam entre partidos, o que demonstra a volatilidade com que se podem assumir as previsões eleitorais. 

As sondagens disseram sempre que o Unidos Podemos passaria a ser a segunda força política. O Podemos viveu, nestes últimos dois anos, uma imensa camaradagem de uma lista infindável de opinadores públicos que foram fazendo um caminho. Mas há uma coisa que o Podemos não tem e dificilmente conseguirá – uma História e uma colagem ao território. 

Foi exatamente aqui que o PSOE se garantiu como segunda força política com muito mais do que os quatro milhões de votos. Foi no território, enquanto partido autárquico e alternativa regional integral, que os socialistas espanhóis confirmaram o seu estatuto. 

Esta lição é relevante para os socialistas portugueses. A vida política está diferente e instável, os movimentos de interesses e os conglomerados de ocasião implicam no sentido momentâneo do voto. Mas há uma História que o PS tem, um património territorial que o faz primeiro partido autárquico. Esse património é central e deve ser vivido sem elitismos e sem arrogância. Os autarcas serão muito do que será o partido que teremos a partir de 2017.