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O primeiro-ministro tem falta de sintonia com a realidade I

O primeiro-ministro tem falta de sintonia com a realidade I

O discurso de Passos Coelho nas comemorações do 41º aniversário do PSD, na Aula Magna, em Lisboa, foi uma intervenção de campanha eleitoral na “pior das asserções”. Laudatório, sustentado no mais elementar autoelogio e sem nada dizer sobre o futuro.

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O primeiro-ministro tem falta de sintonia com a realidade I

Foi desta forma que Carlos César analisou, na RTP, o discurso do primeiro-ministro e presidente do PSD na festa dos 41anos do partido. Uma intervenção que o presidente do PS disse estar contaminada por falta de credibilidade.

“Aquilo que podemos deduzir deste discurso é que a cábula está definida”: que o PSD chegou ao Governo em 2011 com o país mergulhado em grandes dificuldades, e que em 2015 os problemas estão ultrapassados.

Um cenário, como lembra Carlos César, que não é “só falso como se confronta com uma evidente falta de sintonia com a realidade”, lembrando ao primeiro-ministro, por muito que lhe custe, que o “mundo real é hoje bem diferente” daquele que encontrou quando chegou ao poder em Portugal.

Lembrou as iniciativas decisivas tomadas recentemente pelo BCE para “conforto das finanças públicas e das dívidas soberanas”, o preço das matérias-primas que diminuíram assim como o preço do dinheiro, entre outras benesses que entretanto surgiram, que permitiram ao Governo português como à grande maioria dos restantes governos da União Europeia, poderem respirar melhor e abrir novas perspetivas de desenvolvimento e de bem-estar para as populações. 

Quanto às acusações que Passos Coelho dirigiu ao PS, de não cumprimento para com as metas da UE, e às risadas que provocou na plateia dos “comediantes da primeira fila”, Carlos César lembra que em matéria de incumprimento não faltam as promessas que o PSD fez em campanha eleitoral e que não tiveram cumprimento, questionando o primeiro-ministro se aquela alegria se justifica com o saldo que este Governo tem para oferecer ao país.

Recordou a este propósito a existência de empresas e de trabalhadores a lutarem dia a dia pela sua sobrevivência, famílias que não têm dinheiro e não sabem o que fazer a meio do mês, mais de meio milhão de beneficiários que perderam apoios sociais para crianças com menos de quatro anos de idade e que vivem abaixo do limiar da pobreza, mais de 400 mil empregos que foram perdidos na vigência deste Governo, e ainda de Portugal apresentar a quarta maior taxa da OCDE de desemprego jovem e perto de um milhão de desempregados.

Uma alegria por parte do PSD que também não se justifica, acrescentou ainda o presidente do PS, quando o país se confronta com um “aumento de trinta e tal pontos percentuais da dívida ou quando se debate com o recorde de insolvências de famílias e de empresas, e com a maior carga fiscal sobre as pessoas e as empresas de que há memória”.

Quando o PS for Governo, garante Carlos César, ao contrário do que insinuou Passos Coelho, os sacrifícios que os socialistas se propõem combater “serão aqueles que não se justificam, como nunca se justificaram, que os portugueses tenham feito”, criticando o primeiro-ministro quando afirma que o pior já passou ou quando ataca o PS por “defender medidas que tendem ao alívio da austeridade em Portugal”.

O PS, disse Carlos César, não se conformará com o que está mal, “e muito do que este Governo tem feito nestes últimos quatro anos, está mal”, como não se comprometerá, “como igualmente tem dito”, com o que não é possível fazer.

“Há um compromisso sério por parte do PS”, acrescentou, que está associado à apresentação do documento elaborado pelo grupo de economistas: de que todas as medidas que tomar no sentido do crescimento e do emprego, de aliviar a situação social de desespero em que se encontram muitas famílias, “têm de estar conformadas com o cumprimento rigoroso dos compromissos assumidos pelo país para com a União Europeia”.  

Tese que aliás tem vindo a ser defendida pelo Secretário-geral do PS, António Costa, de que sempre que houver uma diminuição de receita tem de haver a correspondente compensação com outras medidas de aumento de receita, sendo esse o “sentido de responsabilidade de que o PS não se dissocia e que muito intriga o PSD”.