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O PRIMADO DA PESSOA HUMANA

O PRIMADO DA PESSOA HUMANA

O Governo do PS faz, no dia 26, dois anos que tomou posse. Metade da legislatura já foi cumprida. Uma sondagem da Aximage, divulgada no fim-de-semana, indica que nem Rui Rio nem Santana Lopes conseguem bater António Costa na confiança para primeiro-ministro. O que pode significar que o PSD está condenado a ser oposição.

Opinião de:

O PRIMADO DA PESSOA HUMANA

É uma boa notícia para os portugueses. A governação socialista tem tido mérito indiscutível. O défice de 2,1, o melhor da democracia, com previsão de 1,4 para o final do ano, o crescimento económico de 2,5%, ontem divulgado, com a previsão de 2,6 para o final do ano, e a taxa de desemprego de 8,5 por cento, sem paralelo nos últimos oito anos, são os números do sucesso português, reconhecido internacionalmente. O virar da página da austeridade, a saída do Procedimento por Défice Excessivo e do lixo foram a consagração da política governamental do PS, que contribuiu, largamente, para a vitória nas autárquicas.  

Mas os socialistas preocupam-se mais com as pessoas do que com os números, apesar de estes serem bastante animadores. António Guterres, quando criticava Cavaco Silva, dizia isso mesmo. A recente afirmação de António Costa de que chapa ganha não é chapa gasta, chapa ganha é chapa distribuída surge como exemplo flagrante do primado da pessoa humana que o partido da rosa sempre cultivou. 

A política de reposição de rendimentos tem sido ponto de honra para o PS e seus parceiros do acordo de esquerda. O aumento das pensões, o alívio fiscal, com o IRS mais justo, a subida do salário mínimo e a integração dos precários no Estado foram, entre outras, medidas importantes desta governação e que contrastam, de forma viva e gritante, com a Idade das Trevas, como é conhecido o período, de má memória, em que Passos e Portas governaram. A mudança, de que muitos duvidavam, foi mesmo mudança. Costa cumpriu tudo o que prometeu.

A valorização do Serviço Nacional de Saúde, da escola pública e da habitação, traves-mestras do Estado Social, que o PS tanto preza, foi outra grande aposta do atual Executivo. O investimento nas empresas, a batalha das qualificações, a inovação e formação, mereceram, de igual modo, o maior empenho do Governo, que procura servir Portugal e os portugueses.

Ao longo dos dois primeiros anos do acordo de esquerda, cujos ganhos políticos e sociais são inquestionáveis, a unidade das forcas políticas que o integram é inabalável, ao ponto de o primeiro-ministro ter dito já que nunca houve nenhuma quebra de lealdade por parte dos seus parceiros. A solidez e a consistência da ‘geringonça’ chegam a surpreender os adversários e começam a frutificar como exemplo por essa Europa fora. Quem de nós duvidava, já para nós olha.

Na segunda metade da legislatura, que falta cumprir, o clima de estabilidade e paz que o país desfruta, e que não tem preço, deverá manter-se. Não creio que surjam grandes sobressaltos. Não há alternativa credível à ‘geringonça’. O PSD está longe de se afirmar como tal. O acordo de esquerda é uma das maiores conquistas do 25 de Abril e há que o preservar. António Costa, seu hábil negociador, está de parabéns. Com o acordo, segundo Jerónimo de Sousa, abriu-se uma janela de esperança. Fechá-la seria trair as expectativas de mais de 60 por cento dos portugueses, que votaram nos partidos da maioria parlamentar. O nosso grande povo não o merecia.