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O PAÍS ESTÁ PRIMEIRO

O PAÍS ESTÁ PRIMEIRO

O primeiro-ministro disse, recentemente, que a diabolização do investimento público foi um erro. Olhar para as estradas e ver o diabo. Mas não só. No referente às grandes obras, entre a Ponte Vasco da Gama e a Expo, em 1998, e, agora, em 2016, o Túnel do Marão, mediaram quase 20 anos! Para mim, perdidos.

Opinião de:

O PAÍS ESTÁ PRIMEIRO

Pelo meio, ficou o TGV que só não foi feito por causa do populismo da direita, de acordo com o ministro-adjunto, Eduardo Cabrita. Não valorizo o Euro 2004, por ser do foro desportivo e também porque, apesar de ter sido uma magnífica realização, parece-me bastante discutível fazer tantos estádios de futebol, quando o país tem carência de hospitais e urgências hospitalares, para não falar de outras necessidades básicas da população, que devem ser sempre prioritárias. Falando ainda das grandes obras, foi com satisfação que ouvi, há pouco tempo, o anúncio do novo Aeroporto de Lisboa, que deve arrancar em 2019, não se sabendo ainda se no Montijo ou em Alcochete.

O novo Aeroporto de Lisboa tem tanta ou mais justificação, se tivermos em conta que Portugal é o único país da Europa que tem o aeroporto dentro da cidade, com todos os riscos que isso acarreta e que me dispenso de os enunciar, tão evidentes são. A seguir ao novo aeroporto, ou antes até, devia pensar-se no TGV. Se a Espanha e a França o têm, bem como muitos outros países da Europa, por que razão nós não o temos? Ainda recentemente, o ministro-adjunto dizia que somos uma espécie de Albânia ferroviária. Duas linhas de TGV se me afiguram imperiosas – Lisboa-Madrid e Porto-Vigo, assegurando ambas a ligação à vizinha Espanha. A nível interno, quer para o norte, quer para o sul, pode-se apostar nas virtualidades do Alfa pendular, e também do Intercidades, mas convém não esquecer que o TGV tem o dobro da velocidade, levando, por isso, metade do tempo a percorrer o mesmo trajeto, com as inegáveis vantagens que daí decorrem.

As grandes obras são indispensáveis à modernização e ao desenvolvimento do país, se bem que isso nem sempre seja reconhecido, porque lhe chamam, por vezes, e em tom depreciativo, obras faraónicas. É a tal diabolização de que fala António Costa. São investimentos importantes, tão ou mais do que os privados. No investimento, que é sempre bem-vindo, não há filhos e enteados. Além do mais, chamam à construção civil uma roda dentada que faz crescer a economia e o emprego. Se nos quisermos aproximar dos países ricos da Europa, vencendo o fatalismo do nosso atraso, é necessário um espírito empreendedor, seja ele público ou privado. A nossa oposição, que tanto tem reclamado contra a falta de investimento no país, para ser coerente, terá que apoiar estes projetos. O consenso é, neste particular, deveras importante. Tanto se serve o país no governo como na oposição. E o país está sempre primeiro.