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O futuro do trabalho

O futuro do trabalho

No passado dia 21 realizou-se na Assembleia da República uma conferência parlamentar sobre a Era Digital e Robótica: Implicações nas Sociedades Contemporâneas. As apresentações foram curtas, claras e imensamente estimulantes. Foi uma tarde cheia de muitas surpresas e muitos de nós saímos de lá fascinados e assustados ao mesmo tempo.

Opinião de:

O futuro do trabalho

O impacto desta nova Era sobre o emprego já é mais do que evidente, e irá provavelmente tornar-se ainda maior nas próximas décadas. Milhões de postos de trabalho continuarão a desaparecer à medida que robôs cada vez mais sofisticados venham a substituir os humanos nas mais variadas áreas. Nas fábricas, nos transportes e em múltiplos serviços. E os impactos sobre a nossa privacidade serão enormes. Os exemplos dados foram muitos.

Obviamente que este cenário assusta. Irá o desemprego aumentar de forma incontrolável? Teremos de inventar um salário universal, como já algumas sociedades debatem? Será que novos empregos podem vir a substituir os antigos? 

As incógnitas são muitas e terão de ser cuidadosamente refletidas. Mas não nos esqueçamos que alterações semelhantes já aconteceram no passado. E não foram só o resultado de “inovações tecnológicas”, como as impressoras de Gutenberg, a máquina a vapor, a eletricidade, o magnetismo, a química industrial, a agricultura moderna e os computadores que alteraram de forma dramática o emprego. Muitas “inovações ideológicas” também alteraram o emprego de milhões. O fim das monarquias absolutas, a liberdade religiosa, o direito de voto das mulheres, os fundamentalismos emergentes, não só religiosos como étnicos e económicos, o nazismo, o estalinismo, o maoismo e o colonialismo alteraram de forma indescritível o emprego de centenas de milhões de seres humanos durante a nossa curta e atribulada história. Algumas para melhor outras para pior.

Afinal, parece que a maioria das grandes inovações tiveram grandes impactos, o que não deve surpreender ninguém.

Tornou-se mais do que óbvio nesta conferência que o impacto social e individual do digital e da robótica será complexo e que o Parlamento necessita de informação robusta para o seu trabalho legislativo neste domínio. Ter confiança nessa informação e ter acesso a instrumentos que lhe permitam aceder ao conhecimento mais atualizado deveria ser um importante desígnio da nossa Assembleia da República a curto prazo.