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Não, Prof. Bilhim!

Não, Prof. Bilhim!

O presidente da CRESAP, entidade que avalia e promove recrutamento para o universo de topo das administrações públicas, demonstrou desagrado pelo facto de ter saído da função quando a lei, por limite de idade, o determinou.

Opinião de:

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O Professor Doutor João Abreu de Faria Bilhim é uma das personalidades mais salientes do pensamento das nossas administrações públicas. Foi parte de muitos dos processos de reorganização de serviços e é um académico confirmado. Porém, a sua passagem pela CRESAP deixou uma marca que implica um repensar da sua existência e uma outra leitura sobre a sua vocação. 

Ao exigir que o Governo optasse por avocar o “especial interesse público” para manter Bilhim na presidência da CRESAP, o próprio confirmou que tinha, tem, desta entidade um olhar que é uma espécie de paternidade, uma ligação passional que não pode nem deve ser tolerada aos servidores do Estado. 

Muito do que aconteceu com a CRESAP, com a sua desvalorização e desautorização, com a sua desconsideração ou mesmo falta de entendimento, foi resultado de uma leitura caudilhista que Bilhim optou por seguir. 

Reconhece-se essa visão, muitas vezes endogâmica, na estrutura de peritos; reconhece-se uma visão provinciana na ausência profunda de avaliação; sabe-se da falta de autoridade na forma como se explica cada decisão e se comunica com os portugueses através da comunicação social. 

Bilhim foi uma escolha mais ou menos atingível para o posto. Mas o próprio não encontrou o seu lugar dada a delicadeza e a natureza da função, dada a realidade de país que somos, dada a nossa visão de Estado/pai que importa eliminar com cuidado e com saber. 

O PSD, partido que mais desautorizou a CRESAP, resolveu chamar Bilhim ao Parlamento no dia em que o Governo anunciou a sua saída. Está bom de ver que quer utilizar este caso para limpar os quatro anos de desgraça, para tentar desviar as atenções. Não conseguirá. 

A CRESAP, que deve mudar de nome e de universo de atribuições, tem, neste momento, uma maioria para funcionar. Tem personalidades com excelente perfil para fazerem regressar a normalidade e o recato. Mas tem, ainda, pessoas que podem aconselhar o melhor caminho para o futuro. 

É neste campo que se enquadra uma outra visão sobre as administrações públicas, uma outra leitura sobre as modernas, eficientes e rigorosas conspeções para a prestação, para o desenvolvimento de políticas e para a intervenção na economia. Um dos males dos últimos anos foi tratar tudo pela mesa tabela. E deu asneira…