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Mário Centeno

Mário Centeno

Mário Centeno, ministro das Finanças, tem o condão de provocar nos deputados do PSD e do CDS uma incontida irritação que se manifesta não só em ruidosos apartes durante intervenções do ministro no Parlamento, mas também através de expressões faciais e gestuais.

Opinião de:

Mário Centeno

Esta manhã, no debate do orçamento de Estado de 2016, na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, com a presença do ministro, os deputados do PSD e do CDS elevaram a um nível máximo a sua faceta provocadora e trauliteira. Desde logo, a presidente da dita Comissão, deputada do PSD Teresa Leal Coelho, revelou uma óbvia dificuldade em dirigir os trabalhos e disciplinar a sua bancada. De facto, os deputados do PSD e do CDS marimbaram-se continuamente para as suas frouxas tentativas de os mandar calar enquanto Mário Centeno falava.

Mas o mais inusitado foi ver uma quase desconhecida deputada do PSD, Margarida Balseiro Lopes, chamar incompetente ao ministro, com trejeitos e gestos que se diria mais próprios de um rufião do que de uma deputada. Uma busca no site da Assembleia da República diz-nos que a deputada tem 26 anos, é “consultora fiscal” e no passado apenas exerceu cargos em associações de estudantes. Compreende-se, pois, alguma exacerbação juvenil nos seus gestos e palavras que, aliás, pareceram ter divertido o ministro, mas o problema é que os deputados do PSD mais ligados à economia e finanças são acometidos de igual excitação sempre que têm pela frente o ministro Centeno ou alguém que tente explicar e defender o orçamento de 2016. Por exemplo, as intervenções do deputado socialista João Galamba causam-lhes uma verdadeira “urticária”.

Verdade seja que Mário Centeno não se coibiu de apontar os erros e as omissões, para não dizer as aldrabices, do governo anterior em matéria de receitas e despesas. Na Comissão, indiferente ao ruído dos deputados da direita, o ministro desmontou as críticas ao seu orçamento, acusando o governo PSD-CDS de usar recursos fiscais para empolar a receita fiscal do ano passado para melhorar as contas do défice artificialmente e recordando os “oito orçamentos” desse governo e, mesmo assim, o falhanço de todas as metas. 

Mário Centeno revelou desde a sua primeira intervenção no Parlamento apetência para ir além da discussão estritamente económico-financeira que a sua formação académica deixaria antever, usando argumentos da chamada política “pura e dura”. Nessas suas intervenções iniciais, Centeno surgia ainda sem a desenvoltura verbal que o debate político exige e que ele rapidamente parece ter adquirido, como o mostram as suas recentes entrevistas e, claramente, a sua prestação de hoje na Comissão parlamentar.

Os relatos jornalísticos que acompanharam os trabalhos da Comissão deixam ver alguma perplexidade por parte dos repórteres, ao “descobrirem” um Mário Centeno pronto para o debate político sem todavia deixar de responder e aprofundar, a um nível muito superior ao que vimos, por exemplo, na anterior ministra das Finanças, às questões de natureza técnica e financeira.