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Maria Barroso uma mulher única

Maria Barroso uma mulher única

Mulher de causas dedicou a vida à luta pela liberdade, justiça, solidariedade e pelo amor. Nunca abdicou de lutar por Portugal e pelos portugueses mais pobres.

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Maria Barroso uma mulher única

Um dia disse que queria ser recordada como uma cidadã modesta mas amante da liberdade, da solidariedade e do amor.

Diplomada em Arte Dramática pela Escola de Teatro do Conservatório Nacional, licenciada em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Maria Barroso, nasceu em Olhão em 1925, no seio de uma família republicana e desde muito cedo teve uma forte participação cívica e política na luta contra a ditadura do Estado Novo, no âmbito dos valores da liberdade, democracia e justiça social que sempre nortearam a sua vida.

Muito jovem estreou-se na companhia Rey Colaço-Robles Monteiro.

Entre 1944 e 1948 participou em mais de uma dúzia de espetáculos. Fez cinema com os realizadores Manoel de Oliveira e com Paulo Rocha.

Professora e diretora do Colégio Moderno, em Lisboa, fundado pelo sogro, Maria Barroso durante os dois mandatos de Mário Soares como Presidente da República (1986/1995) dedicou-se a várias causas contra a exclusão social, a luta contra o racismo e xenofobia, tendo depois presidido à Cruz Vermelha Portuguesa entre 1997 e 2003, contribuindo para tornar aquele equipamento numa unidade de referência.

Na sua longa vida, foi agraciada com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, três doutoramentos “honoris causa”, premiada por mais de vinte países em todo o mundo e recebeu dezenas de prémios de mais de 30 organizações, sobretudo de caráter humanitário.

Desempenhava atualmente as funções de presidente do Conselho de Administração da Fundação Pro Dignitate, entidade que ajudou a erguer, em prol dos Direitos Humanos, com atividade em Portugal e nos países de Língua Oficial Portuguesa.

Acompanhou Mário Soares durante mais de 60 anos desde que o conheceu na Faculdade de Letras de Lisboa e com quem casou em 1949. A leitura de poemas revolucionários leva-a a ser interrogada pela PIDE. Abandona, por pressão do regime, o Teatro D.Maria II e ao lado de Mário Soares empreende uma luta sem quartel contra a ditadura de Salazar. Vive em São Tomé ao lado do marido, quando Mário Soares é deportado, em 1968 por ordem do regime do Estado Novo.

O corpo de Maria Barroso Soares vai estar em câmara ardente no Colégio Moderno, em Lisboa, a partir das 18 horas de hoje, dia 7 de julho, realizando-se o funeral amanhã, quarta-feira para o Cemitério dos Prazeres após a missa de corpo presente, que terá lugar às 11:00 na Igreja do Campo Grande.