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Mais crescimento exige estratégia assente no conhecimento e inovação

Mais crescimento exige estratégia assente no conhecimento e inovação

As indústrias do calçado, têxtil e agroalimentar representam hoje para Portugal “vantagens inéditas”, para que o país possa ultrapassar os bloqueios estruturais da sua economia rumo à internacionalização, defendeu hoje o primeiro-ministro, numa conferência em Lisboa, organizada pela CIP.

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Mais crescimento exige estratégia assente no conhecimento e inovação

Falando na abertura da conferência “Moldar o Futuro”, organizada pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP), o primeiro-ministro, depois de garantir que os problemas do sistema financeiro herdados pelo Governo que lidera estarem “quase ultrapassados”, como o demonstram os mais recentes “dados conjunturais positivos”, lembrou que é chegada a hora de “abraçar uma estratégia articulada de crescimento”.

Defendendo que esta é a primeira revolução industrial para a qual Portugal “não parte em posição de desvantagem”, ou por “carência de recursos naturais ou pela posição geográfica”, António Costa lembrou que, pelo contrário, o país parte agora com “duas vantagens” competitivas, elencando as infraestruturas tecnológicas e os seus recursos humanos “altamente qualificados” e capazes de fazer a “transferência do conhecimento para a inovação no tecido empresarial”.

Se para o primeiro-ministro o problema de crescimento do país e da sua economia “não é de conjuntura”, também, como referiu, não deixa de ser claro que Portugal tem de concentrar-se e de resolver “de forma continuada e articulada” os bloqueios estruturais com que se debate.

Bom momento da economia

António Costa referiu-se ainda ao que considerou ser o bom momento por que passa a economia portuguesa, “um máximo histórico de confiança desde 2000”, lembrando que, nos últimos dois trimestres, “inverteu-se o rumo de desaceleração” da economia, que se vinha a verificar, com um crescimento acima da média europeia, para além, como adiantou ainda, da criação de mais de 100 mil novos postos de trabalho líquidos em 2016 e do “crescimento contínuo do investimento empresarial”.

Apesar da conjuntura favorável que o país atravessa, o primeiro-ministro lembrou, contudo, que o crescimento da economia – que em 2016 foi de 1,4% – tendo sido positivo e representado um “crescimento sete vezes superior à média dos últimos 15 anos”, está ainda “muito longe dos índices que já teve até ao início do presente século”, quando Portugal convergia com a União Europeia, período no qual “não houve nenhum ano” em que o país não tivesse crescido entre os 3,5% e os 4,8%.

Para António Costa, são várias as razões que justificam que desde o ano 2000 Portugal tenha abrandado o seu ritmo de crescimento económico comparativamente ao período entre 1995 e 2000, destacando, entre outras razões, o “triplo choque” do euro, da liberalização dos mercados e o alargamento da União Europeia a Leste.

Enfrentar esta realidade, segundo o também líder do PS, requer que Portugal tenha uma “visão estratégica a médio prazo”, algo que em sua opinião está presente no Plano Nacional de Reformas, que o Governo apresentou em Bruxelas, que assenta, como sublinhou, nos “pilares da qualificação, inovação, modernização do Estado, valorização do território, capitalização das empresas, redução de desigualdades e erradicação da pobreza”.

Só com uma estratégia que assente no conhecimento e na inovação, referiu o primeiro-ministro, Portugal pode ambicionar voltar a ser competitivo e “acompanhar a internacionalização” e os novos mercados globais.

Neste sentido, António Costa destacou também a importância estratégica do setor financeiro para o desenvolvimento da economia, referindo os passos que o Governo já deu na sua consolidação, com a resolução do Banif, as operações de captação de investimento do BPI e do Millennium, o plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e o processo de venda do Novo Banco, assegurando que este “terá uma solução estável, duradoura e que mantenha a integridade e perfil de banco essencial para o financiamento das pequenas e médias empresas”.