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Legado de Gandhi deve inspirar as relações entre Portugal e Índia

Legado de Gandhi deve inspirar as relações entre Portugal e Índia

A herança de Mahatma Gandhi, de tolerância e universalismo, “deve inspirar as relações entre Portugal e a Índia”, defendeu ontem António Costa, em Nova Deli, durante uma visita que visa estreitar os laços entre os dois países.

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Legado de Gandhi deve inspirar as relações entre Portugal e Índia

O primeiro-ministro português, António Costa, foi o convidado de honra das cerimónias comemorativas do 150º aniversário de Mahatma Gandhi, que ontem decorreram em Nova Deli, tendo na ocasião salientado a atualidade da mensagem de “tolerância e contra os fenómenos de xenofobia”.

Ao lado dos chefes de Estado e de Governo da Índia, Ram Nath Kovind e Narendra Modi, respetivamente, António Costa fez questão de sublinhar que o legado deixado por Gandhi tem de perpetuar um forte motivo de inspiração para as relações entre os dois países, assumindo que Portugal está entre os que “acreditam em criar sociedades mais iguais e inclusivas”, através de uma globalização, como acrescentou, que seja “descentralizada no desenvolvimento tecnológico, no multilateralismo e na cooperação entre países e continentes”.

Perante uma plateia repleta de individualidades da comunidade indiana, o primeiro-ministro português, depois de afirmar que também ele, a exemplo de todos os presentes na cerimónia, chegou a Nova Deli imbuído do espirito de “peregrino” para celebrar o legado de Mahatma Gandhi, acrescentou ter como objetivo e desejo que a sua visita contribua para continuar a promover e a estreitar as relações entre os dois países.

Na sua intervenção, António Costa lembrou que um país como Portugal, com uma “vocação universalista e de tolerância”, e com uma língua que tem em todo o mundo mais de 250 milhões de falantes, tem de continuar a afirmar-se como paladino do diálogo com todos os países, continentes e culturas, salientando que a “abertura ao mundo e o aprofundamento das relações entre povos continua a ser um modo de estar dos portugueses e um elemento fundamental da sua identidade e prosperidade”.

No que respeita às relações bilaterais entre os dois países, António Costa sustentou haver ainda muito para aprofundar, não só ao nível do comércio, mas também no investimento, no intercâmbio cultural e científico e da tecnologia, não deixando de alertar, contudo, para fenómenos como o “crescimento do exclusivismo, do protecionismo e da xenofobia”, sobretudo num período, como salientou, em que “nos deparamos com o espectro de uma onda reversiva da democracia e com a ascensão de modelos políticos autoritários”.

Na parte final da sua intervenção, o primeiro-ministro mostrou-se honrado pelo convite endereçado pelo Governo da Índia para que participasse nesta cerimónia do Comité Gandhi, sendo o único líder de um Governo estrangeiro a merecer a distinção, convite que António Costa atribui, sobretudo, ao facto de em 45 anos de democracia Portugal ter sido capaz de utilizar o seu passado, “feito de séculos de contactos com outros povos”, para se “reinventar enquanto país aberto ao mundo”. 

Índia quer estatuto de observador na CPLP

Falando aos jornalistas à saída da cerimónia, António Costa anunciou que o seu homólogo, Narendra Modi, com quem se reunira antes, lhe transmitiu o desejo do Governo indiano em requerer o estatuto de observador na Comunidade de Países de Língua Portuguesa, uma decisão que o primeiro-ministro considerou ser uma “excelente notícia”, expressando a sua convicção de que “todos os países que integram a CPLP irão acolher este pedido como muito positivo”.

Já quanto às relações entre a União Europeia e a Índia, o chefe do Governo português referiu que tinha transmitido ao seu homólogo indiano o “empenho de Portugal em ajudar a elevar essas relações a um patamar superior”, lembrando que tinha transmitido ao primeiro-ministro Narendra Modi uma mensagem do novo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, no sentido de que há uma vontade grande de se estreitarem as relações entre a UE e a Índia, defendendo que os principais desafios dos dois blocos passam pelos combates às alterações climáticas e às desigualdades, e ainda pela transição para a sociedade digital.