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“Não contribuirei para uma crise e não viro a cara ao país”

“Não contribuirei para uma crise e não viro a cara ao país”

A escolha que os partidos à esquerda do PS têm de fazer é muito clara: ou somam os seus votos à direita e chumbam o orçamento, ou não se juntam à direita e o orçamento passa, afirmou António Costa.

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“Não contribuirei para uma crise e não viro a cara ao país”

Na entrevista que ontem concedeu ao jornal das 8 da TVI e à TVI24, o primeiro-ministro voltou a considerar como “injustificável” o facto de as negociações com os parceiros parlamentares de esquerda se encontrarem ainda num impasse, insistindo António Costa que a proposta orçamental “não tem nenhum retrocesso” quanto aos progressos alcançados desde que o PS assumiu responsabilidades governativas em finais de 2015.

A uma semana de o OE2021 começar a ser debatido na generalidade no Parlamento, o primeiro-ministro deixou claro que nunca contribuirá para que haja uma crise política caso a proposta orçamental do Executivo não seja viabilizada na Assembleia da República, impondo a obrigatoriedade de o país ser gerido “aos bochechos” por duodécimos, o que seria “desastroso”, sobretudo agora, como acentuou António Costa, em que o país se encontra mergulhado numa grave crise pandémica, mas também económica e social, reafirmando que está fora de causa “voltar a cara às pessoas e ao país”.

O primeiro-ministro insistiu que a proposta orçamental apresentada pelo Governo assume uma “clara rutura” com qualquer “estratégia austeritária” de resposta à crise, defendendo um conjunto de políticas de caráter social, de onde sobressai, entre outras, a preocupação com o “rendimento das famílias e a proteção do emprego”, voltando a manifestar a sua estranheza pelo relativo impasse em que se encontram as negociações. Acentuou, contudo, que as conversações com os partidos da esquerda parlamentar e com o PAN “ainda não estão fechadas”, sendo por isso “legítimo”, como defendeu, que qualquer um destes partidos procure ainda introduzir eventuais “melhorias” relativamente à proposta orçamental apresentada pelo Governo, voltando a salientar que, “até agora”, as conversas com o BE e com o PCP “têm decorrido num bom registo”.

“Diria que, quanto ao essencial, não vejo onde possa haver divergências. Para além da retórica política, não vejo onde é que possa haver divergências”, concretizou.

Questionado até onde o Governo estará disposto a ceder nas negociações com os partidos parlamentares à esquerda do PS, António Costa foi claro quando frisou que a flexibilidade que está disposto a aceitar tem limites que estão no “bom senso e no que é razoável”, explicando que estas balizas se situam precisamente no ponto em que a soma total da despesa e da receita possam tornar este Orçamento num diploma “inexequível ou insuportável para o futuro, subvertendo as prioridades”, sendo que as prioridades, como também advertiu, passam pela batalha contra a “pandemia, pela proteção do emprego e pela defesa do rendimento das famílias”.

O primeiro-ministro fez ainda questão de salientar que muitas das propostas incluídas neste OE2021 já traduzem em grande medida o trabalho desenvolvido nas negociações com o BE, PCP, PEV e PAN, voltando a deixar o recado aos partidos à esquerda dos socialistas de que os portugueses foram muito claros nas últimas eleições legislativas quanto ao caminho a prosseguir.