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Bloco central está para esta legislatura como ‘o diabo’ esteve para a anterior

Bloco central está para esta legislatura como ‘o diabo’ esteve para a anterior

O secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Tiago Antunes, frisou hoje que o Orçamento Suplementar para 2020, aprovado na semana passada na Assembleia da República, “não é uma história de ‘centrão’”, mas antes “uma história de participação e de inclusão do máximo de partidos políticos e do máximo de propostas feitas pelos partidos”.

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Bloco central está para esta legislatura como ‘o diabo’ esteve para a anterior

O Orçamento Suplementar “é um conjunto de respostas à pandemia”, daí tratar-se de um “desígnio que nos deve unir a todos”, defendeu o governante no programa semanal da rádio TSF ‘Almoços Grátis’, em substituição de Carlos César.

A negociação deste documento foi a “mais participada possível” e é “essencialmente a tradução financeira do Programa de Estabilização Económica e Social”, sendo que o Governo ouviu todos os partidos e integrou vários contributos, sublinhou.

Reagindo às referências ouvidas nos últimos dias à existência de um bloco central, Tiago Antunes ironizou que este é “uma espécie de gambuzino político, que andam todos à procura e ninguém encontra”. “Diria mesmo que o tema do bloco central está para esta legislatura como ‘o diabo’ esteve para a legislatura anterior”, uma vez que “nunca chegou”, disse.

O secretário de Estado deixou depois claro que “o Orçamento Suplementar que sai da Assembleia da República não é idêntico ao Orçamento que lá chegou”, por causa de muitas medidas aprovadas “em coligação – e muitas dessas coligações negativas – por força de partidos que aprovaram medidas que são, na maior parte delas, bem intencionadas e que visam dar respostas acrescidas e adicionais a esta pandemia, e por isso o Governo procurará acomodar este esforço orçamental acrescido”.

“Agora é preciso ter consciência que há este esforço orçamental acrescido que é imputável a estas iniciativas dos partidos”, ou seja, “no final do ano isso vai ter um reflexo no défice”, alertou o governante.

A aprovação do documento também não foi feita em “centrão”, já que foi “viabilizado com o voto do Partido Socialista, mas com a abstenção tanto à esquerda do Partido Socialista, por parte do Bloco de Esquerda, como à direita do Partido Socialista, por parte do PSD”, recordou.

Tiago Antunes lamentou depois o voto contra do PCP, o que atribuiu a “erros de análise e de avaliação política”. “Perante a natureza deste Orçamento e a sua função de dar uma resposta às dificuldades económicas e sociais acrescidas resultantes desta pandemia, os portugueses dificilmente compreenderão que os partidos se movam em função de jogos táticos, de competições partidárias para ver quem é que discorda mais, ou de calculismo eleitoral”, assegurou.

Por se tratar de uma resposta à pandemia, é “importante haver espírito de diálogo na procura de soluções para dar resposta aos problemas dos portugueses”, asseverou o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro.

Deixar cair TAP seria “desastroso”

Tiago Antunes referiu-se depois à TAP, explicando que a intervenção na transportadora aérea “garante um controlo maioritário por parte do Estado, portanto é um auxílio do Estado que vai ser atribuído a esta companhia aérea, como está a acontecer na generalidade dos Estados-membros da União Europeia e por todo o mundo, atendendo à situação de pandemia e à paralisação que aconteceu no mercado da aviação internacional”.

O governante garantiu que “deixar cair a TAP teria um efeito absolutamente desastroso, desde logo seria muito difícil de evitar uma insolvência descontrolada”, o que teria “efeitos sociais e económicos terríveis para os trabalhadores, para os fornecedores”.