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“A recuperação trará outra vez para o debate a importância das políticas públicas”

“A recuperação trará outra vez para o debate a importância das políticas públicas”

A ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, defende que o programa de recuperação da economia, face à crise provocada pela pandemia, será um programa de fôlego para os próximos "dois a três anos".
"A recuperação trará outra vez para o debate a importância das políticas públicas"

Em entrevista ao podcast do PS ‘Política com Palavra’, conduzida pelo jornalista Filipe Santos Costa, a governante socialista explicou o esforço de estabilização que vai ser feito no país até final do ano, em salvaguarda do emprego e da capacidade de resposta da economia, antecipando que a fase de recuperação colocará novamente na agenda o debate sobre a importância central das políticas públicas.

Na semana em que o Governo aprovou o programa de estabilização económica e social, Mariana Vieira da Silva fez um balanço das medidas da primeira fase de resposta aos impactos da crise resultante da pandemia de Covid-19, destacando, em particular, o papel do instrumento de ‘lay-off’ simplificado, que se revelou “importantíssimo”para cumprir o objetivo de preservar as empresas e conter a destruição, ainda assim “significativa”, de emprego.

“No mês de maio há menos desempregados novos do que existiram em abril. As indicações que temos é de capacidade da nossa economia responder. Com uma subida de desemprego, que esperamos, mas que dá sinais de não aprofundamento”, apontou, lembrando que as medidas tomadas até agora foram medidas “de emergência pura”

“Teremos agora um período de estabilização, que procura garantir que a economia resiste e se prepara para uma fase seguinte, de recuperação”, realçou a governante. “É nesse quadro, de procurar garantir o emprego e a capacidade de resposta da nossa economia que estamos a trabalhar. Nenhuma economia destruída é capaz de recuperar e é esse o esforço de estabilização que agora procuramos fazer”, completou.

Mariana Vieira da Silva abordou, depois, a fase de recuperação que se seguirá, “já enquadrada com os instrumentos europeus entretanto aprovados”, um programa que disse ser para “dois, três anos”, que “corresponderá basicamente ao tempo que temos para utilizar os fundos que a União Europeia terá à disposição dos países”.

Neste ponto, a ministra de Estado e da Presidência assinalou a existência de “uma coincidência feliz entre as prioridades que já conhecemos dos programas europeus de apoio à recuperação e o nosso programa de Governo”, nomeadamente no que respeita às prioridades estratégicas, como as alterações climáticas e a digitalização, que “não poderiam ser mais atuais”.

“Pode haver áreas em que tem que haver ajustes e adaptação de medidas, outras em que se trata de acelerar projetos em curso”, salientou.

Sobre a possibilidade de entendimentos políticos em torno das propostas para a recuperação económica, Mariana Vieira da Silva quis destacar, sobretudo, a capacidade que o país teve de construir consensos em tempo de crise.

“Estamos numa fase em que as preocupações estão bastante alinhadas e depois há diferentes respostas aos diferentes problemas”, referiu.

O país percebeu a importância do Estado e dos serviços públicos

Na entrevista, Mariana Vieira da Silva realçou também que a pandemia veio demonstrar que “o país percebeu a importância do Estado na resposta a uma situação de emergência”.

“Na ‘hora H’ toda a gente soube que era no SNS que podia ter a resposta que era precisa a esta pandemia. Todos aqueles debates a que muitas vezes assistimos, em tempos bons, desapareceram do debate público”, apontou a ministra da Presidência.

“Os últimos três meses mostraram que, num momento crítico, foi nos nos serviços públicos de saúde, de segurança social, do serviço público de educação, que se encontraram as principais respostas para a crise”, completou.

Um debate, como assinalou, que vai ganhar nova centralidade no futuro imediato: “A recuperação trará outra vez para o debate público o elemento central da importância das políticas públicas e da presença do Estado nos caminhos de industrialização e na aposta em setores estratégicos da nossa economia”.

Pode ouvir a entrevista na íntegra aqui.