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Carlos César concorda com veto português ao Orçamento da UE

Carlos César concorda com veto português ao Orçamento da UE

O presidente do Partido Socialista, Carlos César, defendeu hoje que a proposta de Orçamento Plurianual do Conselho Europeu para o período de 2021 a 2027 “não só globalmente não serve, como setorialmente é mal orientada”. “Creio que a posição portuguesa deve ser a de, não havendo quaisquer modificações, bloquear este processo”, asseverou.

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Plano estratégico de recuperação do país é um roteiro que oferece escolhas políticas

Durante o programa da TSF ‘Almoços Grátis’, Carlos César considerou que a “proposta do presidente da Comissão Europeia é muito negativa, em alguns casos é mesmo pior do que a proposta finlandesa inicial e coloca em causa as políticas de coesão, a política agrícola, sobretudo na componente do segundo pilar, a política de pescas, introduz fatores muito negativos, por exemplo as taxas de cofinanciamento, prejudica as regiões ultraperiféricas portuguesas, espanholas, francesas, tem graves deficiências do ponto de vista do financiamento de políticas que são prioridades no âmbito europeu na área do ambiente, da transição digital, na área do pilar dos direitos sociais”.

O presidente do PS assinalou depois que parece existir “finalmente” em Portugal um consenso sobre esta matéria, “que ontem acabou por reunir no Parlamento todos os partidos ali representados na concordância à volta da necessidade de nos opormos à proposta que está em cima da mesa”. Apesar disto, lamentou que o debate parlamentar “não tenha sido mais desenvolvido”, criticando alguns partidos por terem feito deste tema “uma discussão sobre o grau de execução, por exemplo, do atual Quadro Comunitário, ainda por cima uma má escolha, porque Portugal é, a seguir ao Luxemburgo, o país com maior taxa de execução dos fundos comunitários deste quadro que ainda está em vigor”.

Carlos César concordou com o primeiro-ministro, António Costa, referindo que estamos “em presença não de uma divisão entre a esquerda e a direita europeia, mas uma divisão entre os mais ricos e os mais pobres”.

E recordou que estamos numa fase de saída do Reino Unido, ou seja, um “sobressalto na unidade europeia”. “O que era normal era que a prioridade europeia fosse no sentido das políticas de coesão daquelas que fazem unir, transformando a Europa num espaço politicamente mais coeso, socialmente mais integrado e uniformemente democrático”, garantiu.

Assim, Carlos César assegurou que “terá que haver uma solução mais favorável para os países da coesão e para um conjunto de políticas que estão agora subestimadas nas prioridades orçamentais”. “Acredito que essa solução ocorrerá, mas não necessariamente nesta cimeira” extraordinária que se realizará amanhã, “mas ela permitirá sem dúvida que existam sinais poderosos para que essas mudanças possam ser feitas”, admitiu.

Todos têm de fazer o máximo para que situações de racismo não se repitam

O presidente do PS alertou também que os casos de racismo no desporto, como o que aconteceu no passado domingo com o jogador do Futebol Clube do Porto Moussa Marega, têm de ser combatidos pelas organizações, pelos reguladores do setor, pelas forças da segurança e pelo poder judicial. “Não se empurre sempre para o poder político estas coisas, nós temos legislação quanto baste, e até temos legislação de há uns meses para cá ainda mais vigorosa sobre esta matéria”, sublinhou.

Este caso, que “colocou Portugal pelas piores razões” no noticiário de todo o mundo, “mereceu uma condenação generalizada no nosso país e acho que todos desejam que não se repita, mas isso claramente não basta. Cada um tem que provar, e deve provar, que fará o máximo para que isso não se repita”, avisou.

Carlos César deu depois um exemplo da ação de outros países europeus, que contrasta com Portugal: segundo a última avaliação do Conselho Europeu sobre violência no desporto relativo ao ano de 2017, 881 pessoas foram impedidas de entrar em estádios na Bélgica, 277 em França, 2.274 em Itália, 1.852 na Alemanha, 659 na Holanda, 355 em Espanha, 1.853 no Reino Unido, 1.125 na Suíça e apenas 47 em Portugal. “Estamos a falar de uma realidade que nos deve colocar, pelo menos, um poderoso ponto de interrogação sobre o que temos feito sobre essa matéria”, afirmou.

O presidente do Partido Socialista deixou ainda um alerta: “Não devemos menosprezar esses fenómenos, porque eles efetivamente existem”.

Oiça aqui o programa de hoje, em que também se falou sobre a eutanásia, que será discutida amanhã no Parlamento.