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PS fala em falhas na gestão e defende relatório final despido de partidarite

PS fala em falhas na gestão e defende relatório final despido de partidarite

O deputado socialista João Paulo Correia considerou hoje que a comissão de inquérito à CGD revelou falhas na gestão e que a supervisão ficou aquém do que poderia ter sido, e defendeu conclusões “despidas de partidarite”.
João Paulo Correia

O deputado do PS falava na reunião da comissão parlamentar de inquérito à CGD, após ter sido apresentado o projeto de relatório final pelo deputado-relator, o democrata-cristão João Almeida.

O socialista considerou que ainda não é possível ao seu grupo parlamentar fazer considerações finais sobre um relatório hoje conhecido, mas afirmou que há desde já conclusões do relatório que podem ser “densificadas”, referindo-se à gestão interna do banco público e à forma como isso contribuiu para gerar perdas.

“As administrações da CGD desde o início do período em análise nunca reproduziram nas suas atas decisões fundamentais relacionadas com a concessão e reestruturação de créditos”, afirmou, exemplificando que numa reunião de aprovação de prejuízos o “debate durou 10 minutos” e a ata dessa reunião só tem um parágrafo a dar conta da aprovação do relatório e contas.

“Isso revela muita coisa, de que não havia o debate necessário”, disse.

O deputado do PS referiu-se ainda às divergências entre a direção comercial e a direção de risco que eram dirimidas por administradores, referindo que também aí “nunca ou raramente esteve refletido [esse debate] nas atas do Conselho de Administração”.

Sobre o papel da supervisão, exercida pelo Banco de Portugal, considerou que “ficou aquém dos poderes estabelecidos por lei para a supervisão financeira”.

“A falta de comunicação, se calhar estratégica ou mesmo por defeito de funcionamento da organização, travou muito no Banco de Portugal do que podiam ser os seus poderes de atuação”, afirmou.

Quanto aos trabalhos da comissão de inquérito, João Paulo Correia considerou que houve respostas ainda por dar, desde logo pela própria CGD, mas que a comissão “correspondeu às expectativas” e fez “serviço público”, ajudada pelo conjunto de regras que agora enquadram estes inquéritos parlamentares e que permitiram aos deputados “ir mais longe” na obtenção da informação.

Contudo, vincou, “não cabe aos deputados substituírem-se ao tribunal ou ao Ministério Público”, defendendo conclusões mais factuais, menos políticas.

“Quanto mais factuais forem as conclusões, despidas de partidarite, certamente o trabalho da investigação judicial será facilitado”, afirmou.