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Graça Fonseca: Portugal deve ser olhado como uma potência cultural em Guadalajara

Graça Fonseca: Portugal deve ser olhado como uma potência cultural em Guadalajara

Portugal deve ser olhado como uma "potência cultural" na Feira Internacional do Livro de Guadalajara, que começa no sábado, no México, e onde é país convidado, disse a ministra da Cultura, Graça Fonseca.
Graça Fonseca

“É um país com quase mil anos de história, mas é um país que conseguiu reinventar-se e tem hoje em dia novas gerações que representam uma riqueza cultural. Acho que a imagem que conseguimos passar com este programa é que Portugal é uma potência cultural e deve ser olhado assim. É importante que isso seja projetado internacionalmente”, afirmou.

Considerada a maior feira do livro e de negócio editorial da América Latina, a Feira de Guadalajara decorrerá entre sábado, dia 24, e 02 de dezembro, com uma programação cultural associada que se estende pela cidade mexicana e que inclui cinema, dança, música, arquitetura e artes visuais.

A presença de Portugal na feira, que custará cerca de dois milhões de euros, insere-se numa estratégia de divulgação internacional da cultura portuguesa. “A expectativa é de maior promoção da internacionalização dos autores e criadores portugueses”, disse Graça Fonseca, há cerca de um mês como titular da pasta da Cultura.

Enquanto em Guadalajara estará uma embaixada portuguesa com “um programa extraordinariamente rico”, com editores, programadores e cerca de 40 escritores, internamente Graça Fonseca ainda não se reuniu com o setor livreiro, por estar apenas há um mês à frente do Ministério da Cultura.

O Orçamento do Estado para 2019 define duas prioridades para o setor do livro: apoio à criação literária e o apoio às livrarias, aos quais a ministra da Cultura acrescenta o apoio à tradução para internacionalização das obras em língua portuguesa.

Sobre o primeiro, explicou que as bolsas de criação literária, recentemente reativadas, são para continuar, mas a ministra quer perceber como é que o regime pode ser alargado, e a que áreas, e que “impacto isso tem no aparecimento de novas obras e novos autores”.

O apoio às livrarias deverá passar pela concretização do selo de mérito cultural, uma das medidas da anterior tutela e que se relaciona com o grupo de trabalho das livrarias independentes, que apelam a um maior equilíbrio do setor, entre pequenos e grandes livreiros.

Segundo Graça Fonseca, a Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB) tem em cima da mesa uma proposta de constituição de uma rede de livrarias de mérito cultural. Os critérios de atribuição do selo distintivo poderão passar por moldes semelhantes ao programa de proteção das lojas históricas.

“As cidades mudaram muito ao longo das últimas décadas e isso significa que temos de ter políticas públicas que assegurem a preservação da nossa identidade, garantir que as livrarias não fecham e vai ser preciso instrumentos legais para o evitar”, disse à Lusa.

Recusando a ideia de que o selo de mérito cultural seja uma ‘bóia de salvação’ para evitar o fecho das livrarias independentes e mais pequenas, Graça Fonseca fala na “feliz conjugação entre políticas públicas e vontades privadas”.

“Se desejam que a configuração das cidades não se altere radicalmente e que as livrarias e as lojas históricas não fechem, as pessoas têm de ser corresponsáveis para que isso aconteça, porque uma livraria não fechará enquanto tiver atividade económica, ou seja, enquanto eu for lá comprar livros”, opinou.

A ministra da Cultura estará no sábado na abertura oficial da Feira Internacional do Livro de Guadalajara, onde fará uma intervenção, mas há um programa cultural associado que arrancará dias antes, e no qual estará presente.

Na quinta-feira, Graça Fonseca inaugurará a exposição “O que dizem as paredes: Almada Negreiros e a pintura mural”, no Instituto Cabañas, onde serão reveladas as tapeçarias que reproduzem os painéis que Almada Negreiros fez nos anos 1940 para a Gare Marítima de Alcântara e para a Gare da Rocha do Conde de Óbidos, pondo-os em diálogo com os murais do pintor mexicano José Clemente Orozco.

Na sexta-feira, são inauguradas duas exposições: “Variações sobre uma tradição: Dos lenços de amor aos bordados com poesia”, no Museu Regional de Guadalajara, e “Ana Hatherly e o Barroco: Num jardim feito de tinta”, no Museo de las Artes.

No encerramento oficial da feira, a 02 de dezembro, estará o primeiro-ministro, António Costa. A sessão servirá ainda para Portugal passar o testemunho à Índia, país convidado da edição de 2019 da feira.