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Portugueses não perdoariam se maioria de esquerda caísse

Portugueses não perdoariam se maioria de esquerda caísse

O secretário-geral do PS advertiu que os portugueses não compreenderiam nem perdoariam se a atual maioria de esquerda “deitasse tudo a perder” no último ano da legislatura por pressa de se chegar às eleições legislativas.

António Costa falava em Lisboa sobre as negociações do Orçamento do Estado para 2019, na iniciativa PS em Movimento que o PS promoveu pelo país para prestar contas e ouvir as forças vivas da sociedade e os militantes tendo em vista o debate do estado da nação, tendo na primeira fila a ouvi-lo o seu ministro das Finanças, Mário Centeno.

Num recado dirigido aos parceiros da atual solução de Governo, o Bloco de Esquerda, o PCP e o PEV, António Costa declarou: “Depois de termos demonstrado que era mesmo possível romper com a austeridade mantendo o país no euro, que era possível termos o maior crescimento económico desde o princípio o século com a maior redução do desemprego e do défice, os portugueses não compreenderiam e não nos perdoariam se deitássemos tudo a perder neste último ano da legislatura”.

Do ponto de vista político, António Costa identificou como problema a evitar “a pressa de chegar às eleições” legislativas.

Uma pressa que “perturbasse aquilo que deve ser feito com calma e serenidade, tal como foi feito nos anos anteriores”, disse, aqui numa alusão aos processos negociais que caraterizaram as anteriores viabilizações dos orçamentos do Estado para 2016, 2017 e 2018.

Numa sala cheia de militantes do PS, em que também marcaram presença os ministros da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques, o líder socialista considerou essencial o fator “estabilidade de políticas”.

“Se nós não tivermos estabilidade de políticas, vamos recuar naquilo que já alcançamos: Ou porque a direita toma o poder e volta a fazer o mesmo do que fez anteriormente, ou porque damos um passo maior do que a perna, arriscando-nos a perder o que já foi conquistado até agora”, afirmou.

Num novo recado dirigido aos parceiros que suportam o executivo socialista, António Costa considerou impossível que se possa fazer “tudo ao mesmo tempo”.

“Fazer tudo ao mesmo tempo isso significa, na prática, não conseguir fazer efetivamente nada de sólido, de duradouro e de estável para a sociedade portuguesa. Com segurança e com confiança, temos de prosseguir a trajetória até agora prosseguida”, contrapôs o secretário-geral do PS.

António Costa referiu depois “saber bem que muitas pessoas estão agora nervosas por causa da próxima discussão do Orçamento do Estado para 2019”.

Neste ponto, sugeriu que, tal como em anos anteriores, Bloco de Esquerda, PCP e PEV, “cada um deve apresentar as suas prioridades, cada um deve ver e medir as dificuldades de as poder concretizar, fazendo um esforço para se conseguir compatibilizar as diversas prioridades para que haja um Orçamento que seja coerente”.

“Foi assim que fizemos em 2016, em 2017 e em 2018. E não há nenhuma razão para que não seja o mesmo que façamos em 2019”, frisou.

Pela parte do PS, segundo António Costa, em relação às negociações do próximo Orçamento, “há muita serenidade, confiança e tranquilidade”.

“Sabemos que todos os exercícios orçamentais, no fundo, correspondem sempre àquilo que é a essência da política: As necessidades são sempre ilimitadas; os meios são sempre limitados”, observou.

Como tal, de acordo com o primeiro-ministro, o que há a fazer “é adequar os meios disponíveis às necessidades que são prioritárias satisfazer, da forma mais justa, mais equitativa e que maiores garantias dê ao país de prosseguir a trajetória de crescimento, de emprego, diminuição das desigualdades e consolidação das finanças públicas”.

António Costa fez mesmo questão de frisar que é com esse espírito que estará na sexta-feira no debate parlamentar sobre o Estado da Nação, mas também nas negociações “para a construção” do Orçamento do Estado para 2019.

Neste contexto, e tal como fizera na semana passada, o secretário-geral do PS voltou a fazer depender a reedição da atual maioria de esquerda da possibilidade de o Governo cumprir na totalidade a presente legislatura.

“Com a confiança que o país merece, que esta solução governativa prove até ao final que foi um sucesso e que, por isso, merece ser repetida a seguir às próximas eleições legislativas”, acrescentou.