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“Há agora condições para consenso mais amplo em torno de questões estratégicas para o país”

“Há agora condições para consenso mais amplo em torno de questões estratégicas para o país”

Com a eleição do novo Presidente da República, “existe um clima mais respirável” em matéria do relacionamento entre Belém e o novo Governo, havendo a expetativa de que muitos aspetos estratégicos para o país possam agora ter um “consenso mais amplo”, defende o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, numa entrevista hoje ao Público.

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“Há agora condições para consenso mais amplo em torno de questões estratégicas para o país”

Lamenta que a União Europeia, que enfrenta “graves problemas” nas suas fronteiras a leste, com o terrorismo, insista em concentrar boa parte da sua atenção e das suas energias na questão do défice estrutural, uma obsessão que para Ferro Rodrigues atinge já padrões “ completamente ridículos”.

Afirmando que ainda é cedo para ter a certeza se o atual Governo do PS, liderado pelo primeiro-ministro António Costa, e apoiado parlamentarmente pelos partidos à sua esquerda durará “ad aeternum”, Ferro Rodrigues é contudo claro quando sublinha que “para já” não vê qualquer motivo de preocupação para o Executivo socialista.

Alerta para o facto de em vários países europeus a “democracia já estar em risco”, congratulando-se com o facto de os portugueses e “mesmo os partidos da oposição” terem já tomado consciência de que o país está “um bocadinho farto” de instabilidade eleitoral e de idas “às urnas de ano a ano”.

Quanto ao novo inquilino no Palácio de Belém, Ferro Rodrigues elogia as suas qualidades, políticas e pessoais, manifestando esperança que, com a sua eleição, as instituições possam trabalhar em conjunto, invertendo o ciclo anterior, não deixando contudo, como refere, de se respeitar as divergências e as alternativas apresentadas pelos partidos políticos.

Dos muitos temas que estão em cima da mesa para discussão, o presidente da Assembleia da República espera que haja agora condições, com Marcelo Rebelo de Sousa em Belém, para que muitas das questões estratégicas para Portugal possam ter um consenso mais amplo do que aquele que “apenas diz respeito ao Governo”, dando como exemplo, o Plano Nacional de Reformas, o aproveitamento dos fundos comunitários, para um grande esforço de investimento, e a questão da aposta na educação, na ciência, na tecnologia e no combate à burocracia, “aspetos que penso que serão consensuais na sociedade portuguesa”, e que ajudarão, segundo Ferro Rodrigues, a criar as condições para melhorar o ambiente económico e social e “influenciar o crescimento do emprego”.

União Europeia deve mudar os critérios

Quanto aos critérios e às exigências que a União Europeia coloca aos países que foram alvo da intervenção da troica, como Portugal, Ferro Rodrigues considera uma atitude “contraditória”, lembrando que esses países, que têm situações mais graves do ponto de vista social e económico, “sem terem conseguido ainda uma pujante retoma”, sejam eles os únicos a serem castigados e a lhes ser exigido “mais que a outros países que não têm esses problemas”.

A União Europeia enfrenta hoje problemas gravíssimos, designadamente com a entrada de milhares de refugiados, o terrorismo, que tem provocado inúmeras vítimas em cidades europeias, o desemprego de longa duração, ou ainda o preocupante aumento da pobreza em muitos estados europeus, que estão a concentrar o melhor da sua atenção em saber se o défice estrutural de um país, como Portugal, desceu 0,5% ou 0,3% ou 0,8% “é completamente ridículo”.