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Governo repete “burla” da última campanha

Governo repete “burla” da última campanha

É falso que Portugal tenha hoje menos desempregados do que em 2011. O que as estatísticas demonstram é que a taxa de desemprego é hoje mais alta do que no início da legislatura, acompanhada por uma flagrante redução na proteção social.

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Governo repete “burla” da última campanha

Falando esta manhã na sede nacional, em conferência de impressa, o deputado e membro do Secretariado Nacional do PS, João Galamba, afirmou que o Governo anda a fazer uma interpretação falseada sobre a evolução da taxa de desemprego, acusando Passos Coelho e o ministro Mota Soares de estarem a tentar “repetir a burla da campanha de 2011, mentindo descaradamente e sem qualquer pudor” aos portugueses.

Depois de acusar o primeiro-ministro e vários membros do Governo” pelas afirmações que têm proferido sobre a realidade portuguesa, “que são quase todas mentira”, dando como exemplo as declarações de Passos Coelho no Parlamento sobre emigração, IVA ou sobre o emprego, João Galamba criticou o ministro e dirigente do CDS, Mota Soares, contestando as afirmações do titular da pasta da Solidariedade, Emprego e Segurança Social quando ontem veio defender que há menos desempregados do que quando Portugal assinou, em 2011, o programa de assistência financeira.

Na opinião do deputado socialista, as estatísticas devem ser utilizadas como um instrumento de conhecimento e de compreensão da realidade e “não como uma forma de a ocultar”.

Para João Galamba, o Governo deturpa propositadamente a realidade dos factos quando fala da taxa de desemprego, esquecendo duas realidades que “invalidam qualquer comparação com o ano de 2011”.

Por um lado, porque saíram das estatísticas do emprego cerca de 250 mil portugueses que o INE considera desencorajados e que são pessoas que desistiram de procurar emprego e, por outro, salientou ainda o dirigente socialista, porque a taxa de desemprego também não inclui “os valores brutais” da emigração dos últimos quatro anos, que atingiu um valor acumulado de 200 mil pessoas, só no que respeita à emigração permanente.

Ou seja, insistiu o dirigente do PS, caso se somem os trabalhadores desmotivados aos da emigração permanente, chega-se aos 450 mil. Se a estes se adicionar os 650 mil desempregados oficiais, “a taxa não seria de 13%, mas um pouco superior a 20%”.

Na opinião do dirigente socialista, a manipulação que o Governo anda a fazer com a taxa de desemprego é um bom exemplo para mostrar que se prepara para repetir o logro que cometeu na campanha eleitoral de 2011, quando mentiu “descaradamente e sem qualquer pudor aos portugueses”.

Governo transforma promessas falhadas em “garantias”

Quanto à evolução do défice, o deputado do PS garantiu que o primeiro trimestre deste ano vem confirmar que as metas anunciadas por Passos Coelho e pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, são “irrealistas e sem qualquer fundamento” face à realidade económica do país. João Galamba referia-se aos recentes indicadores divulgados pelo INE, que apontam para um défice de 5,8% do PIB. Muito aquém, realçou, da meta estabelecida pelo Governo que apontava para um défice de 2,7%.

Em relação à privatização da TAP, João Galamba lembrou que a ministra das Finanças “tem dado garantias sobre muita coisa, mas que poucas se têm verificado”, revelando que desconfia das certezas de que com esta privatização de 61% da companhia aérea, fique assegurado o cumprimento dos acordos laborais e a manutenção dos postos de trabalho. Este Governo, para o deputado do PS, consegue “transformar as suas promessas falhadas em garantias”.