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FAZER LUSOFONIA para UNIR LUSOFONIAS

FAZER LUSOFONIA para UNIR LUSOFONIAS

Debater a lusofonia continua a ser um (quase) desígnio político e social.

Opinião de:

FAZER LUSOFONIA para UNIR LUSOFONIAS

Já tivemos oportunidade de ouvir e ler as mais diversas definições, opiniões, retratos e significados de lusofonia. Já acedemos, lemos e interpretámos inúmeras dissertações e teses sobre o assunto, cada uma com mais ou menos simpatia sobre os “méritos ou deméritos” da lusofonia.

São diversas as entidades e instituições, formais e informais, que desenvolvem atividades em prol da promoção da lusofonia, como exemplo a CPLP e os PALOP, às quais se reconhece o grande mérito de não permitir que se negligencie o valor da língua portuguesa.

É bom que assim seja. E deve continuar a sê-lo. É um sinal afirmativo da vitalidade da língua portuguesa, enquanto elo de ligação das “lusofonias”. Porque é essa essência que tem de estar subjacente à permanente “feitura” do mundo lusófono, enquanto comunidade plural, alicerçada na pluricontinentalidade, na diversidade de povos e de culturas, e assumido como um excelente espaço de oportunidades.

Segundo dados da UNESCO, somos cerca de 260 milhões de falantes de português, prevendo chegar-se aos 400 milhões em 2050, desigualmente repartidos nos diversos espaços lusófonos, o que se traduz em dificuldades acrescidas na adoção das melhores estratégias para fazer lusofonia.

Fazer lusofonia, e fazê-la com sentido comum e de partilha, impõe que sejamos capazes de discernir sobre a diversidade de interesses e/ou equívocos, que naturalmente existem e se tentam impor, e que são, por um lado, consequência de uma realidade histórica, que não podemos nem devemos escamotear e, por outro lado, o resultado da intensificação da globalização, indutora do desenvolvimento tecnológico e da potencialização de outras línguas, de forma mais veemente do inglês. 

É nesta mescla de interesses que temos de agir, no sentido de preservar o português como língua de unidade de culturas, de povos, de arte, de comunicação, de pedagogia, de ciência, de lazer, enfim, uma língua do mundo e para o mundo. 

A eficácia desta tarefa depende da capacidade de transferirmos para todos e cada um dos cidadãos lusófonos a “paixão” pelo conhecimento, pela partilha, pela utilidade da língua portuguesa e entendê-la nas suas particularidades históricas, culturais, sociais, geográficas.

De entre determinadas estratégias que estão a ser ou que podem ser implementadas para induzir e mobilizar para a “fortificação” da lusofonia, o conhecimento integral e integrado e, por isso efetivo, dos diversos espaços lusófonos tem de estar incorporado no quotidiano da nossa aprendizagem permanente e a Escola é o espaço privilegiado para a mobilização desse conhecimento que não é imutável e, consequentemente, tem de estar em permanente construção.

A verdade, falando apenas sobre os conteúdos programáticos da escolaridade obrigatória do sistema educativo de Portugal, (considerando já os doze anos de escolaridade), que não será muito diferente dos demais países de língua portuguesa, são muito residuais os temas e conteúdos relacionados com as comunidades de língua portuguesa, da lusofonia, nas suas diversas vertentes e abordagens, sendo pobre a referência a valores da literatura, da arte, da cultura, da sociedade, numa perspetiva integrada de partilha e cooperação. A riqueza das abordagens destas matérias está, pelo exposto, dependente da maior ou menor sensibilidade e motivação dos docentes, realidade que devemos melhorar. E é essencial que tenhamos a capacidade de mobilizar todos os espaços de lusofonia para prosseguirmos, a par, o trilho dessa aprendizagem permanente, acertando e melhorando as estratégias conducentes ao sucesso comum.

A par do imprescindível papel da escola e dos professores, os contributos da comunicação social no empoderamento da língua portuguesa são inquestionáveis. Porque vivemos num tempo de comunicação por excelência, mesmo ocorrendo momentos em que os seus contributos são menos conseguidos, quer em qualidade quer em eficácia, é fundamental a cooperação da comunicação social, devendo centrar-se e estar imbuída do grande princípio de unir lusofonias.

Mas este processo terá de ser partilhado com todos os espaços da lusofonia, sob pena de estarmos a remar contra a maré. Isto exige envolvimento, compromisso e responsabilidade.

Estamos perante enormes desafios. O primeiro FAZER LUSOFONIA. Dando continuidade ao que de melhor estiver a ser feito. Criando as mais irreverentes estratégias e os mais audazes projetos, envolvendo todos os parceiros, mobilizando todas as lusofonias, cultural, educativa, científica, comercial, política. Destaco a responsabilidade acrescida de instituições políticas, às quais cabe ou deverá caber o papel de charneira nas relações diplomáticas bilaterais e multilaterais, conducentes à construção de condições políticas que sejam indutoras de soluções partilhadas de grande alcance social.

O segundo desafio UNIR LUSOFONIAS. Fortalecer os laços já construídos, firmados no reconhecimento da sua pluralidade e diversidade. Aperfeiçoar relações com os demais espaços da lusofonia onde, porventura, pairam ainda alguns equívocos. Para isso, temos de estar centrados na construção e fortalecimento de uma confiança sem barreiras. Temos de conhecer e acreditar na extraordinária riqueza dos diversos espaços lusófonos, promovendo os valores maiores da sua cultura, da literatura, da música, do cinema, do desporto, entre outros.

Não há objetivos impossíveis. Mas a certeza de que será um trabalho sempre inacabado. Entre o sonho e a realidade, temos um caminho: FAZER LUSOFONIA para UNIR LUSOFONIAS.