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FAZER DO ALENTEJO UM IMENSO CAMPO MAIOR

FAZER DO ALENTEJO UM IMENSO CAMPO MAIOR

O dia 6 de Fevereiro de 2015 deverá ficar registado como uma data histórica para o Alentejo, para os socialistas e para os alentejanos.

Opinião de:

Temos cofres cheios

Por iniciativa da Federação de Portalegre e sob os auspícios do Secretário Geral, António Costa, e da figura de referência que é o Comendador Rui Nabeiro, teve lugar em Campo Maior, essa ilha de prosperidade no Alentejo, uma iniciativa que, simples na aparência, tem, contudo, um significado relevante.

Nesse dia, teve lugar um encontro que, pela primeira vez, nos mais de 40 anos de vida do PS, reuniu dirigentes e autarcas de topo das Federações de Portalegre, Évora, Baixo Alentejo e Setúbal para discutir, sem preconceitos nem tabus, o presente e o futuro do Alentejo.

Os socialistas dos distritos alentejanos que permaneceram durante décadas de costas voltadas, estimulados por bairrismos resultantes de erros históricos e de preconceitos absurdos, souberam, finalmente, sentar-se à mesma mesa e refletir serenamente, não sobre o Alto, o Baixo ou o Alentejo do Centro ou do Litoral, mas sobre o Alentejo que somos e o Alentejo que queremos, no contexto da crise nacional e europeia que vivemos.

Somos um terço do território continental, com enormes potencialidades em recursos naturais, com uma identidade cultural única, beneficiando de uma rede invejável de infraestruturas, em grande parte concretizadas ou complementadas por governos socialistas. A fibra óptica, as novas acessibilidades rodoviárias, portuárias e aeroportuárias e as melhorias significativas na ferrovia, infelizmente suspensas depois da mais recente ascensão da direita ao poder, ou a concretização do sempre adiado mega projecto de Alqueva, sonho mítico dos alentejanos, que cada dia se afirma como aposta ganha, ridicularizando os que durante décadas o adiaram com o pretexto da agitação do fantasma do “elefante branco” e do despesismo inútil, são exemplos eloquentes.

Temos, contudo, e em contínuo agravamento, o mais sério de muitos outros sérios problemas: o declínio demográfico, não solucionável sem migração interna e sem uma forte inversão das políticas em curso que ferem de morte as regiões do interior.

Os elevados níveis de envelhecimento e as baixas taxas de fertilidade que não permitem sequer garantir a manutenção da atual população nos 500 000 habitantes, ou a substituição de gerações, empurram-nos para a regressão económica e para uma inexorável desertificação física e humana. O encerramento de escolas, de serviços públicos e de atividades económicas que se verificam a toda a hora na quase totalidade das aldeias e vilas do Alentejo, com a contrapartida negativa da dificuldade em dar resposta às exigências crescentes em apoios e equipamentos sociais para uma população cada vez mais idosa, testemunham-no bem.

Para uma Região marcada por séculos de injustiça e opressão, a aposta no seu desenvolvimento merece a solidariedade nacional, não apenas decorrente do dever de promoção da coesão territorial que é incumbência de qualquer governo patriótico, mas por imperativo de justiça.

Impõe-se por isso que o novo governo que os portugueses vão escolher no Outono crie as condições para que o Alentejo e os alentejanos tenham voz e vontade próprias. Não só para gerir os recursos próprios e os que a Nação e a União Europeia põem à sua disposição, como também para reinvindicar o que lhes é devido. Nunca será um delegado do poder central, e muito menos designado por um governo de direita, cujos partidos que o suportam têm reduzida expressão eleitoral na Região, que o fará, tal como o demonstra o que acaba de suceder com a repartição dos fundos do novo Quadro Comunitário de Apoio.

A proposta do Secretário Geral do PS para que os Presidentes das CCDR, não podendo ser diretamente eleitos enquanto um novo referendo não consagrar a Regionalização administrativa do país, passem a ser eleitos indiretamente por quem tem legitimidade democrática direta, como são, acrescento eu, todos os eleitos de todas as autarquias da região, sem excepção, Assembleias e Juntas de Freguesia e Assembleias e Câmaras Municipais, faz todo o sentido e merece inteiro aplauso.

O Alentejo precisa de um forte estímulo à criação de emprego e à atração de investimento privado, como a DELTA ou a EMBRAER, ou público, como o Alqueva simbolizam e têm, de diferentes formas, a marca do PS.

A Europa viveu na última década e meia um momento negro da sua história, com o apogeu de um neoliberalismo triunfante e desumano que chegou até a contaminar uma parte da socialdemocracia que sempre tinha erguido a bandeira da solidariedade na construção europeia. Entre nós, teve a sua expressão máxima na fórmula governativa, socialmente insensível, que ainda nos governa.

O encontro que em 6 de Fevereiro uniu os socialistas do Alentejo é o sinal de partida que deve mobilizar todos os alentejanos para fazer da nossa Região um imenso Campo Maior. O espaço de paz, de prosperidade, de solidariedade e de justiça por que sonharam sucessivas gerações de alentejanos e que a nossa tem de ter o desígnio de concretizar.