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FALTAM IDEIAS AO PSD

FALTAM IDEIAS AO PSD

Se 2017 fechou com a chave de ouro, 2018 começa sob os maiores auspícios. O défice de 1,2, abaixo da previsão do Governo, o desemprego de 8,2, com a quebra mais acentuada de que há registo, e uma 'meta ambiciosa' de dois mil milhões de euros, anunciada por António Costa, para apoio às empresas, são os números do nosso contentamento.

Opinião de:

António Costa saúda “maior crescimento real do século” e garante aposta na inovação e qualificação

As prioridades para este ano seriam, também, reveladas, ontem, pelo primeiro-ministro no debate quinzenal no Parlamento. As boas políticas, que levaram ao melhor défice da democracia, ao melhor crescimento deste século e à maior redução da dívida publica, serão continuadas. A maior prioridade consiste em melhor emprego, que se traduz, de acordo com o primeiro-ministro, em emprego digno, salário justo e oportunidade a cada cidadão para se realizar. E a aposta na inovação que permita criar condições para os empresários investirem. Duas reformas fundamentais vão marcar o ano – a descentralização e a da floresta. Costa falou, ainda, do Portugal 2030, com consenso estratégico, e a nível europeu da reforma da União Monetária.

Esperava-se da oposição, perante este vasto enunciado de António Costa, uma resposta à altura. Mas o PSD, através de Hugo Soares, defraudou totalmente os que, e não seriam poucos, alimentavam essa expectativa. Confrontou o primeiro-ministro com uma entrevista da ministra da Justiça à rádio, em que emitiu uma opinião sobre o mandato da Procuradora. O primeiro-ministro cilindrou Hugo Soares, ao afirmar que num debate sobre as prioridades para 2018, o PSD nem uma palavra tem sobre o tema em discussão. Pouco depois, diria: a oposição lê os jornais, ouve a rádio en passant e vem para aqui fazer perguntas. E ironizando: É a oposição que temos! Referindo-me, também, ao PSD, que, no sábado, escolhe a liderança, escrevi, há uma semana, nesta coluna, que mudar de pessoas não é o mesmo que mudar de políticas. Bastaram escassos dias para ver confirmado o que disse. O candidato Rui Rio propõe que parte das pensões seja paga em função da economia. 

É uma forma mais subtil de subtrair do que os cortes, mas não deixa de ser corte! A política de Passos e Portas, muito danosa para os portugueses, pode, infelizmente, ter continuidade no futuro PSD. A própria afirmação de Rio de que poderá apoiar um Governo minoritário do PS não passa de um presente envenenado, porque, mais do que libertar os socialistas da ‘geringonça’, como pretendem, visa tentar impedir que o PS obtenha a maioria absoluta. Tão ou mais grave do que foi exposto só as incríveis contradições de Santana Lopes, que o fazem perder ainda mais credibilidade. Começou por defender pactos de regime, designadamente nas grandes obras públicas, mas, agora, diz que não fará acordos com o PS. Em que ficamos? Não foi só o debate quinzenal a evidenciar que o PSD é um deserto de ideias. O recente debate televisivo dos dois candidatos já tinha permitido extrair essa conclusão. E a Idade das Trevas, como é conhecida a governação de Passos, terá sido o melhor exemplo do que afirmo.

O nível do debate televisivo seria tao baixo e inadequado, que a nossa imprensa não hesitou ao afirmar que António Costa foi o grande vencedor! Costumo dizer, já há muitos anos, que o discurso dos ‘barões’ do PSD é ambíguo, contraditório e de uma falta de clarividência espantosa. Esta minha afirmação ganha cada vez mais acuidade. Marcelo, quando fala na necessidade de reinventar o país, talvez tivesse sido mais certeiro se essa reinvenção fosse do PSD e não de Portugal. De qualquer forma, a solidariedade institucional parece blindada. O primeiro-ministro referiu, ontem, três vezes o Presidente da República no debate parlamentar. A coabitação funciona em pleno e o país só ganha com isso. Os bons exemplos devem vir sempre de cima. E Costa e Marcelo sabem dá-los!