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Educação: reduzir as desigualdades e preparar o futuro

Educação: reduzir as desigualdades e preparar o futuro

Estão em curso mudanças na organização do ensino que visam responder a problemas que é necessário ultrapassar. Há, por outro lado, que criar condições para a sustentabilidade dessas mudanças, o que exige maior divulgação, debate, avaliação e regulação.

Opinião de:

Educação: reduzir as desigualdades e preparar o futuro

Temos hoje sem dúvida uma melhor educação, mais democrática, mas persistem desigualdades profundas que penalizam os alunos socialmente mais desfavorecidos. E a escola está muito fechada ao mundo, demasiado organizada em compartimentos estanques, numa lógica que contrasta com o conhecimento que nos rodeia. A Autonomia e Flexibilidade Curricular introduzida pelo Governo do Partido Socialista constitui um passo significativo. Mas é preciso ir mais longe.

É necessário mudar a escola:
• Porque cada pessoa é única e temos a obrigação de lhe proporcionar a educação indispensável para que desenvolva os seus talentos.
• Porque o país necessita de mais cidadãos preparados para o desenvolvimento sustentável, baseado em conhecimento e inovação.

Mudar a escola de modo a valorizar o trabalho dos professores e dar sustentabilidade aos progressos que se tem vindo a alcançar. Mas a promoção da igualdade de oportunidades exige coragem e capacidade para organizar a escola de modo a prevenir a acumulação de dificuldades e a retenção, penalização esta que deverá ser verdadeiramente excecional.

Nos últimos anos tenho acompanhado escolas que mudaram os seus modos de trabalhar e melhoraram os resultados dos seus alunos. Casos em que os professores, trabalhando de modo colaborativo, com equipas estáveis e com apoio nos ensinamentos da Pedagogia, descobriram caminhos que são complexos mas decisivos para a construção do sucesso e da autoestima de alunos e professores. Estes processos fizeram-me acreditar que quando as aulas são menos expositivas e os alunos intervêm e trabalham mais, aprendem mais. A escola pública portuguesa tem de ser o local onde se realiza o essencial das aprendizagens enão deve estar dependente de apoios em casa ou de explicações.

Um elemento decisivo para uma mudança efetiva é o modo como se processa a avaliação dos alunos. Ao contrário do que afirmou (e levou à prática) o governo anterior, a avaliação dos alunos assente essencialmente em exames precoces empobreceu a escola de um ponto de vista científico e cultural.

As mudanças recentemente lançadas e que estão em curso num conjunto significativo de escolas podem constituir uma base para respostas aos problemas de insucesso e de inadequação da escola aos nossos tempos. São lógicos os elementos em que assentam: o Perfil do Aluno, a definição de “Aprendizagens Essenciais” e a “Autonomia e Flexibilidade Curricular”, base para o reforço da autonomia das escolas.

Apesar do sucesso de algumas escolas que implementam estas mudanças, sente-se em alguns setores um certo mal-estar por se ter adiado a alteração, considerada essencial de programas inadequados e excessivamente longos. É um problema que exige uma reforma a breve trecho, mas a que pretendem responder, (entretanto)“as aprendizagens essenciais”.

As inovações em curso, algumas do maior interesse, vão abrindo caminho para as alterações que terão de ser introduzidas. Para muitos professores, as “Aprendizagens Essenciais” e a “Autonomia e Flexibilidade Curricular” têm sido instrumentos de enriquecimento das práticas pedagógicas, por criarem espaço para o desenvolvimento de projetos e para a abordagem de temas importantes da atualidade e designadamente de Questões Socialmente Vivas, essenciais para a compreensão do mundo em que vivemos.

Mas é preciso criar condições para a sustentabilidade das inovações em curso e não deitar de novo fora muito do esforço investido. Entre essas condições há que cuidar da comunicação. Temos por hábito descurar a divulgação do trabalho realizado, desvalorizando o esforço investido para ali chegar e os resultados obtidos, contribuindo assim para a vulnerabilidade dos projetos.

É fundamental cuidar da comunicação, produzir e divulgar mais informação sobre a Gestão Flexível do Currículo e sobre as “Aprendizagens Essenciais”, de modo a que a sociedade e os parceiros educativos compreendam as opções realizadas, as debatam e seja possível criar compromissos para o futuro.

É preciso apoiar práticas que traduzem um esforço para que a escola contribua de modo mais efetivo para a inovação e desenvolvimento do país e para que mais alunos aprendam mais.

E nada há de mais importante do que garantir que cada aluno encontra na escola meios para o desenvolvimento de todas as suas capacidades.