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“É altura de o Parlamento britânico corresponder ao esforço da UE”

“É altura de o Parlamento britânico corresponder ao esforço da UE”

Chegados a um acordo, cabe agora ao Parlamento britânico “fazer a sua parte” e corresponder ao “esforço paciente e continuado” da União Europeia para encontrar uma solução para o ‘Brexit’, defendeu o primeiro-ministro português, em Bruxelas.

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“É altura de o Parlamento britânico corresponder ao esforço da UE”

Reagindo ao acordo ontem estabelecido entre a União Europeia e o Governo britânico, António Costa defendeu que é “chegada a altura” de o Parlamento britânico corresponder ao “esforço paciente” e de “boa vontade” desenvolvido pela União Europeia nestes últimos quatro anos, no sentido de encontrar uma solução para o ‘Brexit’, mostrando-se convicto que, depois de sucessivos acordos repetidamente “rejeitados pelos britânicos”, seria uma “tragédia” o cenário de saída sem acordo no dia 31 de outubro.

António Costa, que falava aos jornalistas em Bruxelas, onde decorreu a reunião dos chefes de Estado e de Governo europeus, apontou que o acordo estabelecido entre a União Europeia e o Governo liderado por Boris Johnson, que será apreciado e discutido no sábado em Westminster, caso seja ratificado, “como todos esperamos”, terá “todas as condições” para poder ser votado, nos dias seguintes, no Parlamento Europeu.

Consolidar a paz na Irlanda

De entre as muitas vantagens que o primeiro-ministro português encontra neste acordo, em sua opinião há uma que sobressai de forma particular e que tem a ver, como realçou, com a contribuição para a “consolidação da paz na ilha da Irlanda”, uma vez que permite que haja “uma fronteira aberta” entre a Irlanda do Norte, território do Reino Unido, e a República da Irlanda, país da União Europeia, não deixando, contudo, de “manter quer a integridade do mercado interno europeu, quer a do Reino Unido”.

Para além deste aspeto, que António Costa considera relevante, há ainda a destacar, como salientou, o facto de o acordo, “no essencial”, manter aquilo que é “fundamental” e que passa por garantir os direitos dos cidadãos, em particular dos muitos portugueses – cerca de 300 mil – que residem e trabalham no Reino Unido e dos britânicos residentes em Portugal.

Na perspetiva do chefe do Governo português, seria muito difícil aceitar que o Parlamento britânico volte a não aprovar este novo acordo, sublinhando que é chegada a altura de “fazer a sua parte”, ratificando o acordo. De acordo com António Costa, urge pôr “um ponto final positivo” neste processo, permitindo que haja uma saída negociada, para “podermos passar ao que é mais importante”, que são as relações futuras entre a União Europeia e o Reino Unido.

Sobrepor o interesse da Europa às conveniências partidárias

O primeiro-ministro português referiu ainda que antes da assembleia do Conselho Europeu houve uma reunião da família Socialista e Democrata, onde teve oportunidade de dizer ao líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, que embora em cada país existam “contingências políticas internas próprias”, há momentos em que “todos temos de ser capazes de pôr o interesse da Europa e o interesse geral, acima das conveniências partidárias”.

Referindo que compreende a posição do Labour em querer eleições gerais antecipadas, sustentou, contudo, que nem a economia da União Europeia, nem a britânica, nem tão pouco os povos do Reino Unido e da Europa, “podem ser capturados como reféns por uma questão de política interna do Reino Unido”.