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Direita instalou “guerra civil” entre os portugueses

Direita instalou “guerra civil” entre os portugueses

Os últimos quatro anos de Governo PSD/CDS instalaram em Portugal a “guerra civil”. Algo que seria impossível caso o país fosse mais igualitário, defendeu este fim-de-semana em Coimbra o dirigente socialista, João Galamba.

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Direita instalou “guerra civil” entre os portugueses

Para o deputado do PS a “guerra civil” promovida e estimulada por Passos Coelho e Paulo Portas, de colocar portugueses que trabalham no sector público contra trabalhadores do privado, jovens contra menos jovens, novos contra velhos, “seria um cenário impossível de acontecer”, caso Portugal “fosse um país mais igualitário”, a exemplo, como defendeu, do que sucede “noutros países europeus”.

João Galamba lembra que caso Portugal tivesse maiores níveis de igualdade social, o anterior Governo de direita “não teria matéria-prima para pegar nos ressentimentos e transformar isso numa poderosa arma política”, criando ainda mais desigualdade e pobreza entre os portugueses.

O porta-voz do PS falava na Conferência socialista, que decorreu este fim-de-semana em Coimbra, no debate sobre as “Esquerdas e a Desigualdade”, tendo defendido a importância da esquerda voltar a apostar na dimensão de bens e serviços universais para todos os cidadãos do Estado Social, sem desvalorizar, como realçou, o “papel das prestações sociais”.

É preciso voltar a mostrar aos jovens e às famílias de classe média que o Estado Social também é para elas, defendeu o dirigente socialista, e que ao contrário da prática do anterior Governo de direita, não se destina apenas e só “para os mais velhos e para os mais pobres”, mas para “toda a sociedade ao longo da vida”.

Para o dirigente do PS, a aposta no Estado Social tem de voltar a constituir um “desígnio nacional”, que importa não perder de vista, lembrando que não há melhor maneira de legitimar as prestações sociais do que mostrar que ele “é mais vasto” e que constitui um “poderoso instrumento para a coesão social”.

O deputado socialista considerou contudo que só através das prestações sociais e da disponibilização universal de bens e serviços do Estado aos cidadãos, “sendo instrumentos poderosos para o combate às desigualdades”, serão todavia insuficientes caso a “esquerda não aposte também na produção concentrando-se apenas na redistribuição”.

Melhorar os rendimentos das famílias

Noutro painel deste encontro de Coimbra, o ministro das Finanças considerou que a tese da direita, segundo a qual a reposição dos rendimentos das famílias apenas se destina ao consumo, é uma “deturpação” da realidade e uma “visão enviesada e deturpada”, garantindo que o aumento de rendimento das famílias têm sobretudo o “imperativo” de ajudar à sustentabilidade e à recuperação económica.

O titular da pasta das Finanças voltou a afirmar que o próximo Orçamento do Estado “continuará a dar prioridade à melhoria dos rendimentos das famílias e das empresas”, contrariando assim, como sublinhou, a conceção de “dividir para reinar” que esteve associada ao anterior Executivo de direita, que colocou em confronto “o setor privado contra o público, os trabalhadores ativos contra os pensionistas, os agentes do setor exportador contra os empresários vocacionados para o mercado interno”.

Uma forma de governar, “como se viu”, disse Mário Centeno, que em qualquer caso “nunca teria sucesso” porque não “cria união.

Para Mário Centeno o progresso e o desenvolvimento de uma sociedade, que se quer mais justa, tem de se sustentar em políticas “inclusivas”, melhorando sempre que possível o rendimento das famílias, constituindo este um “fator central no combater às desigualdades”.

Segundo Mário Centeno, por outro lado, não é possível “dissociar as desigualdades dos níveis de educação”, lembrando a propósito, que em relação aos atuais trabalhadores, “75% têm pais com escolaridade até ao 9º ano e, destes, apenas cerca de 40% vai além da escolaridade dos pais”.

Cenário que para o ministro das Finanças obriga a que se “proteja a escola pública” como um fator de igualdade, salientando que “especialmente em Portugal” esta realidade é ainda mais sentida em famílias com problemas económicos.