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Dimensão do que se passou em Pedrógão não admite “abordagens oportunistas”

Dimensão do que se passou em Pedrógão não admite “abordagens oportunistas”

O deputado do Partido Socialista Santinho Pacheco defendeu ontem, no Parlamento, que a tragédia em Pedrógão Grande assinalou uma “viragem no comportamento do Estado no apoio às populações, às empresas, às autarquias”, e considerou que o agendamento por parte do PSD de um debate sobre Pedrógão, três anos depois do incêndio, é “pouco autêntico e nada sentido”.

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Dimensão do que se passou em Pedrógão não admite “abordagens oportunistas”

“A dimensão do que aconteceu em Pedrógão não admite abordagens oportunistas ou aproveitamentos ilegítimos”, alertou Santinho Pacheco durante a sua intervenção, em que admitiu que a ação do PSD “soa muito a falso”.

“É pouco autêntico e nada sentido, é a demagogia ao serviço de uma estratégia política”, lamentou o socialista, que recordou que, “durante dois anos, o PSD participou em dezenas de reuniões e debates sobre Pedrógão e nunca se lembrou ou deixou cair na tentação de usar a tragédia como arma de arremesso político”.

Esta que foi a “maior tragédia na floresta portuguesa com avultados prejuízos materiais e ambientais e com, para muita dor nossa, dezenas de vítimas mortais”, levou a que, “pela primeira vez”, houvesse “sensibilidade política, social e económica para responder em bloco – Estado, autarquias, entidades privadas, cidadãos anónimos, União Europeia – para uma mobilização em massa que respondesse positivamente ao futuro das gentes do Pinhal Interior”, frisou.

Santinho Pacheco congratulou-se com o “verdadeiro milagre na reconstrução de aldeias e freguesias, na reposição do potencial económico, no pagamento de prestações sociais”.

O deputado do PS fez depois um pequeno balanço do que foi feito nos concelhos atingidos pelo incêndio: “As alterações estruturais no âmbito da Proteção Civil, a formação e qualificação dos seus agentes, a profissionalização de muitos dos seus quadros, a redução do número de ignições, a autoproteção das populações, o reforço dos equipamentos”.

“Há na Proteção Civil um antes e um depois de Pedrógão Grande, mas a tragédia de Pedrógão assinala também uma viragem no comportamento do Estado no apoio às populações, às empresas, às autarquias e às vítimas dos incêndios florestais”, advertiu o parlamentar.

Santinho Pacheco relembrou o relatório “detalhado e rigoroso” da Comissão Técnica Independente, que afirmou que “estivemos perante um incêndio que exibiu fenómenos extremos e excecionais de comportamento do fogo no território”. “Ninguém pode ignorar que estivemos perante um dos mais complexos cenários de fogo que alguma vez ocorreu em Portugal”, asseverou.

O deputado do Partido Socialista garantiu ainda que “o PSD, e já agora o CDS, seu parceiro de Governo com a pasta da Agricultura e Florestas, têm perfeita consciência que a situação no terreno e as cargas de combustível acumulado não eram resultantes da prática governativa de quem tinha tomado posse um ano antes, em novembro de 2015, antes sendo o resultado de opções para os territórios rurais que os deixaram ao abandono ao avanço do eucalipto sem qualquer preocupação com a prevenção. O que ardeu em 2017 não foi o que cresceu em 2016, ardeu o acumulado em muitos anos, em que 2011 e 2015 estão também incluídos”.

Por fim, Santinho Pacheco sublinhou que “estão em curso dois processos e estão acusados 38 arguidos”, e pediu que se aguarde pela marcação dos julgamentos, já que “os tribunais são o local próprio onde se aplica a justiça num Estado de direito”.