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Crise na saúde. Controlar os danos, recuperar a confiança

Crise na saúde. Controlar os danos, recuperar a confiança

A saúde tem sido varrida por uma série de notícias acerca da degradação dos seus serviços e da dificuldade que os doentes têm para aceder a certo tipo de cuidados: listas de espera elevada para determinadas cirurgias e consultas de especialidade; exames auxiliares de diagnóstico no ambulatório com atrasos a um nível insustentável; hospitais com aparelhos avariados há meses; urgências em rutura com centenas de doentes à espera; profissionais desmotivados e em risco de esgotamento físico; doentes em macas pelos corredores das urgências e enfermarias e emigração massiva de profissionais de saúde. É de referir terem já emigrado perto de 2100 enfermeiros desde o início da crise. Só em 2014, terão saído do país uma média de 5,7 por dia, mas também médicos, cerca de 200 em 2014.

Opinião de:

Crise na saúde. Controlar os danos, recuperar a confiança

 E, com tudo isto, o ministro finge que nada se passa, enquanto vai apregoando querer salvar o SNS, mas na verdade o que faz é ir empurrando os doentes para o sector privado ao não proporcionar capacidade de resposta por parte dos serviços públicos.

Porque chegámos a este estado de coisas é a pergunta que devemos fazer.  Não era inevitável uma redução da oferta e da qualidade tão acentuadas, cuja verdadeira dimensão só iremos compreender quando saírem os primeiros indicadores de saúde relacionados com a mortalidade e morbilidade das populações referentes aos anos da crise e da governação do PSD/CDS. Irá sobrar inevitavelmente para o PS o controlo dos danos e a recuperação da confiança no SNS.

Para além das muitas questões que se colocam a quem tem de governar, existem medidas que podem e devem ser implementadas no sentido de responder às necessidades concretas das populações a curto prazo. É o caso de garantir o acesso aos médicos de família em tempo útil e clinicamente aceitável, privilegiando uma política de discriminação positiva de cuidados primários, e o acesso a certos meios complementares de diagnóstico e terapêutica em ambulatório, em especial, onde o excessivo tempo de espera possa agravar o prognóstico de uma forma significativa e muitas vezes até irreversível. 

 O acesso a programas de gestão do doente crónico é determinante, não só para melhorar a qualidade de vida e saúde dos doentes, mas também para reduzir custos desnecessários. Doentes crónicos com descompensações agudas não podem andar a percorrer médicos ou serviços de urgência sem que ninguém os conheça, com todas as implicações na duplicação de exames e terapêuticas desnecessárias, com o inerente desconforto para o doente e aumento das despesas para o Estado.

 A disponibilização de medicamentos essenciais a custos comportáveis pelos cidadãos e de acordo com as suas possibilidades económicas é decisivo não só para melhorar a saúde das populações, mas para garantir um mínimo de solidariedade e coesão social. 

Por fim, uma medida urgente: o aumento do número de camas de cuidados continuados, para aumentar as respostas de apoio social e libertar camas hospitalares com doentes sem necessidade de cuidados agudos.